O que torna Little Nemo revolucionário

25 setembro 2022
Por Fora do Plástico

A Figura Editora irá publicar o primeiro volume de Little Nemo, de Winsor McCay, em dezembro. Inventivo e visualmente deslumbrante, a obra é considerada um clássico dos quadrinhos por conta do legado que deixou. Com sua forma de contar histórias, McCay foi pioneiro e influenciou a produção de HQs e, principalmente, a forma de pensar os quadrinhos.

 

História clássica das “camas com pernas”, originalmente publicada em 26 de julho de 1908, no New York Herald.

 

Publicada semanalmente de 1905 a 1911, com o nome Little Nemo in Slumberland, no jornal New York Herald, e de 1911 a 1914, no New York American, com o nome Little Nemo in the Land of Wonderful Dreams. Posteriormente, a série foi retomada entre 1924 e 1927, mas sem o mesmo apelo. Coloridas e publicadas em uma página inteira do jornal, a série de tiras acompanha o garoto Nemo. Após adormecer, ele vive aventuras em Slumberland, o Mundo dos Sonhos, até o quadro final, onde ele acorda em sua cama.

As fantasias vividas por Nemo eram uma mescla de referências à mitologia grega, aos contos de fadas tradicionais, ao imaginário popular e à cultura norte-americana, assim como a Júlio Verne (de onde vem o nome Nemo, o mesmo do comandante do submarino Náutilus, em Vinte Mil Léguas Submarinas, de 1870). Ao longo das tiras, Nemo vive o fantástico: é caçado por uma gangue de casas com pernas; é esmagado por cogumelos gigantes; “cavalga” em uma cama com pernas imensas; passeia por outros planetas e países, entre outras aventuras.

Também é importante mencionar que, apesar de inovadora em vários sentidos, essa é uma história fruto do pensamento de um homem branco, no início do século XX. Ou seja, Little Nemo reproduz estereótipos racistas em algumas das histórias, principalmente na representação dos Jungle Imps,  como muitos dos quadrinhos do período.

 

 

Narrativa gráfica

A narrativa gráfica é a principal característica da obra. Além de inovar mesclando narração e diálogos, McCay trouxe técnicas visuais à frente de seu tempo, com enquadramentos inventivos, brincando com elementos próprios da linguagem em quadrinhos. Além disso, ele criou uma continuidade semanal entre as tiras, até então, praticamente inédita para a época.

Talvez, Winsor McCay seja o maior pioneiro, inovador e explorador da história dos quadrinhos. Uma prova disso é ter sido influência para artistas como Dalí, Robert Crumb, Alan Moore, Neil Gaiman, Federico Fellini e muitos outros.

Para além dos quadrinhos

Em pouco tempo, Little Nemo extrapolou as mídias. Apenas um ano depois da criação da série, o personagem já aparecia em cartões postais, livros, jogos e roupas infantis.

Em 1908, a Broadway fez um musical sobre a tira, que se tornou o mais caro de sua época. Além disso, Little Nemo foi o primeiro personagem de quadrinhos a ser animado, já que o próprio McCay desenvolveu um curta-metragem em 1911.

Suas técnicas nos quadrinhos serviram como prelúdio para os desenhos animados. Por isso, o autor tem grande importância também na história do cinema de animação. Little Nemo continuou fascinando outras gerações. Ao longo dos anos, filmes, jogos e produtos foram aparecendo. Em 2022, a Netflix vai lançar “Slumberland”, filme dirigido por Francis Lawrence, inspirado na série de Winsor McCay, que conta com Jason Momoa no elenco.

Entre tantas produções derivadas da tira de McCay, sem dúvidas, a mais famosa é Little Nemo: Adventures In Slumberland. Filme nipo-americano de 1989, que ficou mais conhecido pelo longo e complicado processo de desenvolvimento.

Hayao Miyazaki esteve à frente do projeto, que contava com Moebius, como desenhista de personagens. No entanto, eles acabaram deixando a produção. Ao longo de seu desenvolvimento, a animação passou pelas mãos de vários outros nomes de peso, que iam entrando e saindo do projeto, como George Lucas, Chuck Jones e Isao Takahata.

 

Domínio público e edição brasileira

No dia 1 de janeiro de 2005, as tiras caíram em domínio público. As edições completas mais conhecidas são das editoras Taschen e Sunday Press Books. A edição brasileira irá dividir em dois volumes as 549 tiras, divididas por períodos. O primeiro volume irá compilar os anos de 1905 a 1909 e terá o formato 30 x 39 cm, capa dura, miolo em cores e papel Pólen Bold 90g. Você pode apoiar a campanha de financiamento no Catarse aqui.

 


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