De Juan Díaz Canales e Rubén Pellejero
88 páginas
Trem Fantasma | 2024
Tradução: Marcelo Fontana
O que levou Corto Maltese a se encontrar à deriva no Oceano Pacífico, amarrado a um pedaço de madeira, nas primeiras páginas do clássico Uma Balada do Mar Salgado? É justamente isso que Juan Díaz Canales e Rubén Pellejero querem contar em O Dia de Tarowean. O terceiro álbum da fase moderna de Corto comandada pela dupla espanhola é o que mais chama atenção por sua premissa, que o conecta temporalmente com o começo de tudo. No entanto, no meio de tanto potencial está um desenvolvimento acelerado e até desconexo.
Corto está na Tasmânia ao lado de Rasputin, para resgatar, a pedido do Monge, um certo Calaboose. O homem, nativo de alguma ilha do Pacífico, foi encarcerado por anos em uma antiga prisão. Esse é o começo de uma aventura que caminhará para o já conhecido desfecho que leva Corto ao mar. Fiel que são ao trabalho de Hugo Pratt, Canales e Pellejero buscam reproduzir o tom das histórias do italiano e não é diferente nesta edição.
No entanto, a quantidade de personagens – incluindo alguns velhos conhecidos da série clássica – e as numerosas reviravoltas tornam este álbum o mais confuso da dupla. Uma abordagem mais concisa poderia ter favorecido o ritmo da narrativa. Apesar disso, a história cresce no último terço, quando várias das pontas se encaixam e o ritmo desacelera.
A arte de Pellejero é muito agradável ao olhar, sempre em alusão clara ao trabalho de Pratt, especialmente nos ângulos e no uso das sombras, algo que vem sendo destaque desde Sob o Sol da Meia-noite.
Publicado pela Trem Fantasma, O Dia de Tarowean está longe de ser o auge de Canales e Pellejero à frente das histórias do marinheiro. É claro que ainda estamos diante de uma aventura com este protagonista fantástico, mesmo que seja a menos empolgante que “vivemos” até aqui.