O Colecionador

5 setembro 2021

De Sergio Toppi
268 páginas
Figura | 2021
Tradução: Maria Clara Carneiro

O Colecionador é um exemplo do estilo cheio de personalidade de Sergio Toppi. Em cinco histórias, acompanhamos um homem excêntrico, no fim do século XIX, a quem conhecemos apenas como Colecionador. Ele percorre o mundo atrás de relíquias e objetos fantásticos, e sempre consegue o que quer.

O tom da HQ é aventuresco. Toppi insere fugas mirabolantes, reencontros inesperados e um tom de fantasia na trama. Para encontrar soluções para as situações em que o protagonista se meteu, o autor insere alguns Deus ex machina, que dado o contexto fantasioso do quadrinho, podem até ser relevados, mas não deixam de ser notados.

Outro ponto que não passa despercebido é que o Colecionador é um homem branco, em uma trama que se passa em um período em que o colonialismo era marcante. E ele sempre está atrás de objetos que estão em posse de culturas e etnias distintas. Ou seja, o Colecionador não é um mocinho, nem um herói. É uma figura enigmática, que deixa o leitor intrigado.

A arte é, sem dúvidas, o ponto alto da HQ. Toppi representa, de uma forma belíssima, traços étnicos, vestimentas, paisagens. Tudo em uma diagramação que faz cada página parecer um quadro digno de emoldurar. As hachuras, sombras e linhas são essenciais para trazer toda a personalidade do italiano para a arte.

Embora as histórias não tenham nos conquistado tanto quanto a arte, O Colecionador é um bom ponto de contato com o trabalho de Toppi. Mais uma vez, belo trabalho da editora Figura, que foi crucial na popularização da obra do quadrinista no Brasil.

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