Nós, Os Mortos

6 julho 2022

De Darko Macan, Igor Kordej e Yana
228 páginas
Mythos | 2022
Tradução: Pedro Bouça

Nós, Os Mortos oscila entre dois extremos: empolgante e tedioso. Se por um lado a HQ de Darko Macan e Igor Kordej tem um conceito atrativo e visual exuberante, ela apresenta uma retratação problemática que estereotipa os personagens, além de trazer um desenvolvimento raso dos vários temas levantados pelo próprio quadrinho.

No século XIV a Europa foi devastada por uma peste que transforma pessoas em zumbis. Consequentemente, a América não teve qualquer interferência colonizadora dos europeus, logo, as civilizações presentes no continente prosperaram e se desenvolveram.

Centenas de anos depois, os Incas se tornaram uma das principais potências. Seu governante, Sapa Inca, já debilitado, mantém um grupo de europeus aprisionados. Não importa o que aconteça, esses homens não morrem. Assim, ele constata que aquela é uma prova de que a fonte da vida eterna (algo que ele próprio almeja) está com esse povo, além do oceano. Para encontrá-la, Sapa Inca envia seu filho, Manco, em uma perigosa expedição.

Combinando steampunk, zumbis e aventura, Nós, Os Mortos se divide em bons e maus momentos. As intrigas de diferentes grupos étnicos por poder e a descoberta de novas culturas, ao longo da viagem de Manco, são pontos altos. É extremamente interessante acompanhá-lo viajando pelo desconhecido e conhecendo outros povos. Porém, a trama peca muito na caracterização dos povos originários da América. Eles são sempre representados como “selvagens” e isso é muito evidente no tom exagerado de sexo explicito que a HQ tem.

O traço de Igor Kordey se encaixa bem no enredo. Ele faz um ótimo trabalho na construção dos cenários e na variedade de visuais dos personagens. Seu trabalho funciona ao ponto de ser um elemento essencial para não deixar o leitor se perder.

Por fim, Nós, Os Mortos se torna uma experiência decepcionante, quando consideramos o potencial que o argumento apresentava. Com uma trama definida por excessos, o quadrinho curiosamente entrega menos do que promete.

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