Mulher-Gato: Cidade Solitária

24 outubro 2023

De Cliff Chiang
224 páginas
Panini Comics | 2023
Tradução: Dandara Palankof

Mulher-Gato: Cidade Solitária tem a estética como seu grande diferencial, mas sabe do valor de ter um roteiro que sustente a atmosfera igualmente importante. Criada por Cliff Chiang, a HQ usa seu potencial visual para mergulhar o leitor em uma narrativa ao mesmo tempo divertida e profundamente humana.

Em um futuro próximo, dez anos após as mortes de Batman, Comissário Gordon, Alfred, Coringa, entre outros, Selina Kyle, a Mulher-Gato, reencontra Gotham depois de um período atrás das grades. Agora aos 55 anos, ela se sente sem propósito, desconectada do universo, além de ter o emocional abalado por conta do luto. Seu corpo já não é mais o mesmo e Selina ainda descobre que Gotham, agora sob o comando do prefeito Harvey Dent, é dominada pela força militar, onde heróis e vilões fantasiados foram proibidos.

Chiang é habilidoso em desenvolver a personagem-título com reflexões sobre a passagem do tempo, a insegurança que isso provoca, a solidão de não encontrar os amigos de um dia e como encontrar apoio em lugares inesperados. Demonstrando carinho e respeito pelo Batverso, o autor nos surpreende a cada página com suas reinterpretações dos personagens, seja nas caracterizações ou na personalidade, com surpresas prazerosas para o leitor.

Não é à toa que o visual do quadrinho seja tão impactante. Cliff Chiang é conhecido pelos seus trabalhos como desenhista de “Paper Girls” e da fase de Mulher-Maravilha com Brian Azzarello. Os desenhos e as cores conseguem extrair um visual moderno e refrescante, ao tempo em que homenageia a maior personagem feminina do universo do Batman.

No fim do quadrinho, em um confronto, sentimos que o autor perdeu um pouco do lado urbano, que tanto nos encantou na leitura. Mas nada que comprometa o entretenimento.

Mulher-Gato: Cidade Solitária é, em suma, uma aventura que sabe misturar o contemporâneo com o clássico. É, desde já, um dos melhores quadrinhos de heróis de 2023. Cliff Chiang não teme comparações pela abordagem do roteiro e brilha ao trazer holofotes a essa anti-heroína tão dona de Gotham quanto o Batman.

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