De Mindy Newell e J.J. Birch
112 páginas
Panini Comics | 2025
Tradução: Rodrigo “Roska” Oliveira
Ambientada durante os eventos de Batman: Ano Um, de Frank Miller e David Mazzucchelli, Mulher-Gato: Ano Um acompanha a transformação de Selina Kyle na anti-heroína que conhecemos. Escrita por Mindy Newell e ilustrada por J.J. Birch, a HQ apresenta uma história de origem sombria e corajosa, que soa completamente crível, embora sofra com sua narrativa instável.
Nesta apresentação de personagem, a Selina é uma prostituta, que sofre nas mãos do cafetão Stan. A história começa quando ela é encontrada espancada em um beco, próximo ao convento onde sua irmã, Magdalene, vive como freira. No hospital, um detetive preocupado lhe entrega o número de alguém que pode ensiná-la a se defender. Inicialmente, Selina recusa a ajuda, mas à medida que Stan se mostra cada vez mais violento, ela decide aprender a lutar.
Conforme a minissérie de quatro partes avança, acompanhamos esse processo de metamorfose da personagem. Agora, mais forte e capaz de se proteger, Selina decide escapar da vida miserável que leva e, inspirada pelo Batman, cria um uniforme para sair às ruas sob uma nova identidade.
Newell orquestra um drama urbano de temas maduros cuja abordagem é verossímil. A necessidade de sobrevivência é bem retratada, assim como os conflitos internos e éticos que surgem quando Selina assume sua nova persona. Embora a HQ acerte no tom e conte com uma premissa sólida, a execução deixa a desejar em alguns momentos, especialmente nos diálogos e nas transições abruptas entre cenas.
Quanto à arte, os desenhos de J.J. Birch são competentes, mas oscilam em certos quadros, chegando a deformar os personagens. Já a colorização, com tons que oscilam entre lavados e saturados, causa estranhamento e foi um ponto que definitivamente não nos agradou.
Publicado pela Panini Comics, Mulher-Gato: Ano Um se destaca pela coragem de apresentar uma origem mais sombria da personagem, sob uma perspectiva crua e realista. Apesar de alguns tropeços, a HQ oferece uma leitura envolvente, sustentada justamente por sua proposta mais “pé no chão”.