De Suzanne Walker e Wendy Xu
272 páginas
DarkSide Books | 2022
Tradução: Aline Zouvi
Mooncakes se propõe, desde o início, a ser um quadrinho juvenil delicado. Logo na capa, é possível notar o tom despretensioso e acolhedor da HQ de Suzanne Walker e Wendy Xu, lançada pela Darkside Books. Mesmo assim, é difícil não sair da leitura com o gosto de que a obra poderia ser muito mais. A trama é centrada na relação entre a jovem bruxa Nova Huang e Tam Lang, com quem fez amizade ainda na infância. Elus se reencontram, quando Nova se depara com um lobo branco na floresta: se tratava de Tam, metamorfoseade e correndo perigo, diante de forças ocultas.
Ou seja, magia, bruxas e lobisomens se tornam algo corriqueiro em Mooncakes. Mesmo assim, Walker e Xu reforçam questões que refletem nosso “mundo real” e se preocupam em fazer desta uma HQ muito representativa. Nova possui deficiência auditiva e isso é explorado com muito cuidado na obra, assim como o fato de Tam Lang ser uma pessoa não-binária. Após a morte de seus pais, Nova foi criada pelo casal de avós, duas bruxas experientes. A relação familiar harmoniosa, cheia de carinho e respeito, faz com que essa seja daquelas histórias pensadas para acolher o leitor.
Dito isso, Mooncakes traz uma sucessão de clichês e situações previsíveis. Antes da metade da HQ já é possível vislumbrar os acontecimentos que virão até o final. Mesmo a magia, que é fundamental para a trama, é explorada com superficialidade. Parte da história é destinada a resolver o conflito inicial com as forças ocultas, mas em momento algum há um verdadeiro senso de perigo, enquanto sobram decisões duvidosas dos personagens para que a narrativa se desenvolva.
A arte de Wendy Xu é, como o próprio quadrinho, pensada para ser fofa e dialoga bem com o público jovem. Os personagens são bem diversos entre si e é notável um cuidado de caracterização, apesar de as ilustrações parecerem estáticas demais nos momentos de ação.
Mooncakes pode funcionar para fãs de romances young adult, ou para quem busca uma HQ que se proponha ser fofíssima (e até morna), do início ao fim. Mesmo assim, já vimos outras vezes que é possível fazer isso, sem ter como resultado uma obra que pareça genérica.