De Rafael Fritzen
336 páginas
HarperCollins Brasil | 2024
Luke é um quadrinho doce, engraçado, dramático e sincero sobre seguir em frente. Às vezes tudo isso ao mesmo tempo. Rafael Fritzen cria uma obra notavelmente relacionável, tanto para jovens quanto para adultos, o suficiente para manter qualquer um fisgado pela trama. Afinal, crescer é difícil. O tempo todo, em qualquer época, com qualquer idade.
Nosso protagonista, que também dá nome à obra, tem 12 anos. Sua personalidade introspectiva nunca o ajudou a ter amigos na escola, muito pelo contrário, ele sempre foi alvo de bullying. Seus pais, Tom e Isabela, lidam de diferentes formas com a situação. Seu pai, por conta de desentendimentos no passado, é mais duro com o jovem. Já sua mãe, que sempre o apoiou e o compreendeu, lida de maneira mais paciente. Porém, Isabela está doente e, agora, pai e filho vão ter que encarar fantasmas do passado para entrar em harmonia.
Para entendermos o que aconteceu com Isabela, o autor utiliza flashbacks em grande parte de sua obra. Vamos passar pela infância de Tom, a “origem” de Isabela, o início do relacionamento dos dois, a mágoa de Tom com o pai e, claro, tudo aquilo que envolve Luke, a sua relação com a escola, a raiva, a timidez, a melancolia, tudo. Elementos que funcionam como quebra-cabeças para montar esse mosaico que é a trama desta família.
Tudo bem, a história pode parecer algo que já vimos outras vezes, mas o que torna Luke algo diferente é a forma como captura uma série de emoções inesperadas, oferecendo um humor não convencional e, principalmente, lembrando que histórias familiares ainda podem parecer frescas quando contadas a partir de uma nova perspectiva.
O traço da HQ segue a linha que Rafael Fritzen usa em suas webtiras. Desenhos com poucas linhas, sem detalhes, mas com muita expressividade, que reforça o tom do seu humor.
Lançamento da HarperCollins Brasil, Luke é um bom lembrete de como o mundo está repleto de pessoas belas e complexas. Às vezes, basta amadurecer um pouco para notar.