Little Tulip

15 setembro 2021

De Jerome Charyn e François Boucq
88 páginas
Comix Zone | 2021
Tradução: Fernando Paz

Little Tulip, de Jerome Charyn e François Boucq, tem nuances muito semelhantes às que já havíamos visto em Boca do Diabo, quadrinho anterior da dupla, lançado no Brasil também pela editora Comix Zone. Na trama, acompanhamos um entrelaçamento entre o passado e o presente do protagonista, Pavel. Um imigrante russo, que atua profissionalmente como tatuador, ofício que aprendeu ainda criança, quando vivia em um gulag. Além disso, nas horas vagas, Pavel colabora com investigações policiais como desenhista.

A primeira metade da HQ é empolgante. Charyn nos leva a conhecer a infância dura do protagonista e a dinâmica do gulag, enquanto, em paralelo, vemos um Pavel já maduro ajudando na captura de um serial killer. Porém, a segunda metade de Little Tulip não corresponde. Temos, assim como havia acontecido em Boca do Diabo, um desfecho abrupto, com uma solução fantasiosa que soa incoerente com a primeira metade da HQ. Não é algo que torne a obra decepcionante, é até possível fazer uma vista grossa. Porém, é inevitável comparar esses dois momentos do quadrinho.

A arte de François Boucq é perfeita para esse tipo de história. Nos sentimos transportados tanto para o gelado gulag siberiano, quanto para o ambiente urbano de Nova York. Destaque para as cenas de ação envolvendo Pavel no passado, que ressaltam o aspecto cultural das tatuagens naquele ambiente.

Little Tulip é um quadrinho que nos conecta à sua trama, nos envolve, mas que tem defeitos notáveis. O grande mérito aqui é, sem dúvidas, a ambientação e a construção de mundo feita na primeira metade e que adoraríamos que tivesse sido cuidadosa da mesma maneira, em seu desfecho.

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