Uma das premiações mais prestigiadas do cenário europeu de quadrinho, o Grand Prix de La Critique ACBD divulgou no sábado (23) os cinco finalistas que concorrem à edição 2025 da premiação concedida pela Associação de Críticos e Jornalistas de Quadrinhos da França (ACBD). Embora todas as HQs ainda sejam inéditas no Brasil, duas das autoras finalistas já tiveram trabalhos publicados no país, Nicole Claveloux, com “A Mão Verde e Outras Histórias” (Comix Zone/2022), e Alix Garin, com “Nunca Me Esqueças” (Moby Dick/2023).
Confira abaixo os quadrinhos finalistas e suas sinopses.
“Ce soir c’est cauchemar”, de Nicole Claveloux (Edutira Cornélius)
Nicole Claveloux nos convida a uma viagem onírica dentro de sua própria mente, onde personagens como Loïc Lalune, chefe da imaginação, e Madame Reine Bancale, responsável pela memória, convivem com a Grande Diretora, a própria Claveloux. Mas tudo muda com a chegada de Charles Chaposec, auditor da lógica, que desafia o caos criativo dos sonhos. Mais de 40 anos após sua última HQ, a autora retorna com uma obra rica e barrocamente desenhada, que explora o culto à performance e a conexão entre artista e obra. Misturando humor, fantasia e reflexão, Claveloux celebra a imaginação enquanto questiona os limites da criação artística.
“Deux filles nues”, de Luz (Editora Albin Michel)
Tudo começa em 1919, em uma floresta nos arredores de Berlim. Otto Mueller pinta Duas garotas nuas. Do ateliê do artista às paredes do escritório de seu primeiro proprietário, o quadro observa o cotidiano antes de ser levado pelas tribulações desse período sombrio: a ascensão de Hitler ao poder, o antissemitismo de Estado, a qualificação da arte moderna como “degenerada” pelos nazistas, a espoliação das famílias judaicas, as exposições, as vendas, as fogueiras…
“Impénétrable”, de Alix Garin (Editora Le Lombard)
Impénétrable é o relato sincero de Alix Garin (“Nunca me Esqueças”, publicado no Brasil pela Moby Dick) sobre sua luta contra o vaginismo, um transtorno que torna a penetração impossível. Durante dois anos, ela enfrentou normas, imposições e a solidão de uma sociedade que silencia sobre o tema. Mais que uma cura física, é uma jornada de autoconhecimento e libertação. Questionando o desejo e as relações, Alix inspira resiliência. Um relato audacioso e otimista que vai além de sua própria história.
Les Julys, de Nylso, (Editora Misma)
Elas cantam melodias sem abrir a boca, atravessam paisagens e só se reduzem à grandeza da natureza. Surgem nas primeiras luzes de julho, pequenos gênios que emergem da água para se infiltrar em nossos sonhos. As Julys fazem uma breve passagem entre nós, desaparecendo já em agosto. Nylso retorna com um de seus temas favoritos em um álbum poético que explora a infância, a natureza e a ligação paterna.
Le Roi méduse, volume 1, de Brecht Evens (Editora Actes Sud)
Arthur cresce vendo o mundo pelos olhos de seu pai, ou seja, um mundo hostil e violento, ameaçado por uma grande conspiração, onde é preciso desconfiar de tudo: da escola, dos vizinhos, da mídia, dos amigos… Reclusos em sua casa transformada em uma fortaleza, pai e filho treinam para o grande combate contra as forças do mal. Quando o pai desaparece misteriosamente, Arthur, com apenas dez anos, precisa se virar sozinho para encontrá-lo.