De Yuri Moraes
240 páginas
Ugra Press | 2022
Em Garoto Mickey conhecemos Valentim: seu passado, seus sonhos, sua mente e inseguranças. Yuri Moraes faz uma obra sobre crescer. Assim, junto de Valentim, enxergamos de longe (e de perto) aquela etapa da vida que nos deixa em um meio termo de angústias e presunção.
Vemos a vida do protagonista através de idas ao passado, com direito a amizades antigas e pensamentos da adolescência. E também através das páginas de uma HQ que ele escreveu ainda moleque, o Garoto Mickey que dá nome ao quadrinho. O caminho que o autor percorre para nos apresentar Valentim pode ser meio tortuoso, até que entremos no ritmo da história. Logo no início de sua carreira, Yuri optou por não usar a linearidade. Muito pelo contrário, o quadrinho usa sobreposições, vai e vem no tempo e nas metáforas visuais.
Destaque para os animais que representam o eu interior de Valentim. Uma divisão que parece entre id, ego e superego, que se chocam, debatem e expõem para o leitor a mente de um personagem que não parece compreender nem a si mesmo. Em contrapartida a essa primeira metade introspectiva, o final da obra é mais confuso, quase apocalíptico. Assim como o próprio protagonista, temos a sensação de não fazer ideia do que está acontecendo.
No ano que completou dez anos de seu lançamento, Garoto Mickey ganhou esta edição especial pela Ugra Press. Dez anos se passaram, e a HQ ainda carrega consigo as características de uma obra que pode ser altamente relacionável. Valentim é um jovem escrito em 2011, mas com dilemas existencialistas que seguem sendo parte do processo de amadurecimento.