De Vitor Cafaggi
96 páginas
Panini Comics | 2022
Com a delicadeza que é símbolo do selo Graphic MSP, mas trazendo um frescor em sua proposta, Franjinha: Contato, está entre as mais criativas HQs que lemos recentemente. Vitor Cafaggi aborda a transição entre infância e adolescência de uma forma belíssima nessa história que é, ao mesmo tempo, muito identificável e singular.
Nesse período em que não se é criança nem adolescente, Franjinha teme que não esteja mais no momento de se imaginar cientista ou de brincar com suas invenções. A janela entre real e imaginação fica instável à medida que o protagonista nota que seus amigos, como Jeremias, já não se comportam mais como antes. Esse conflito identitário, que é parte inevitável (e assustadora) do processo de amadurecimento, é o ponto de partida para que Vitor explore não somente aspectos mais sensíveis da trama, mas também o seu lado fantástico. É o que ocorre quando um pedido de ajuda misterioso aparece no rádio amador de seu avô.
É inevitável se reconhecer em determinadas cenas ou sentir nostalgia por aqueles momentos. Todos já sentimos um pouco como Franjinha se sente na trama. Essa é uma das principais características das obras de Vitor Cafaggi, ele nos torna íntimos de seus personagens, sem muito esforço. Nesta HQ não é diferente.
A arte de Vitor é um dos pontos altos aqui, principalmente nas cenas que exigem que o quadrinista seja inventivo, flertando com elementos fantásticos em páginas que rompem a barreira do real. Outro destaque é o uso das cores e o contraste marcante entre dia e noite, sempre presente ao longo do quadrinho.
Franjinha: Contato é realmente o tipo de quadrinho que se beneficia de um leitor que chega aberto às descobertas da leitura. Sensível, honesta e muito bem executada, essa Graphic MSP se tornou uma das nossas preferidas do selo, um presente afetuoso ao nosso eu do passado.