A criação de um selo para quadrinhos infantojuvenis na Figura foi revelada durante a Rodada de Lives de 2024, quando a editora anunciou que traria de volta ao Brasil o clássico “Mortadelo e Salaminho”, de Francisco Ibáñez. A série é um marco do quadrinho espanhol, que atravessou gerações, algo que a Figura busca com sua republicação no Brasil. Em entrevista ao Fora do Plástico, o editor Rodrigo Rosa explica que esse intercâmbio geracional, ou ponte, foi um dos motivos para escolher justamente esse título para dar o pontapé inicial na Figurinha, nome dado ao selo. “A gente imagina muitos dos nossos leitores, que liam a série na infância, apresentando-a para os seus filhos”, conta Rodrigo.
“Mortadelo e Salaminho” realmente tem um histórico relativamente longevo de publicação por aqui. De acordo com informações do Guia dos Quadrinhos, a série de Ibáñez foi lançada pela Cedibra, em álbum, e depois pela Rio Gráfica Editora, do fim dos anos 1960 até o início dos anos 1980. Tudo começou com “O Sulfato Atômico”, em 1969, que agora é o ponto de partida da Figurinha: a republicação da HQ, a primeira história longa de “Mortadelo e Salaminho”, ganhará campanha no Catarse a partir do dia primeiro de agosto.

A Figura ainda não revelou detalhes sobre a edição, mas confirmou que o selo terá diferenças em relação ao padrão da editora, com novos formatos e até mesmo a possibilidade de outras linguagens. “Queremos publicar literatura infantojuvenil através do selo, não somente quadrinhos”, anuncia Rodrigo Rosa.
A editora que apresentou, de fato, Sergio Toppi aos brasileiros, lançou diversas obras voltadas para o público adulto, sobretudo de autores renomados, como o próprio Toppi. Chamados de mestres por Rodrigo Rosa. A aposta em material para crianças e adolescentes é pensada em um mercado em crescimento, mas também uma contribuição à “causa” dos quadrinhos. “A ideia é chegar aos pequenos e formar público para os quadrinhos. Quadrinhos infantojuvenis são uma tendência editorial que vem crescendo no mundo todo, então a Figurinha será nossa tentativa de chegar a esse público”. Com isso, surge também a necessidade de ampliação da distribuição, para que os livros estejam ao alcance do público-alvo, algo que a editora afirma já ter nos planos, principalmente para chegar às livrarias especializadas em obras infantis.
Porém, se engana quem pensa que a Figurinha irá manter o olhar no passado, como faz na sua estreia. Rodrigo Rosa conta que há diferentes publicações no radar, inclusive nacionais. “Estamos de olho em uma série de coisas: desde materiais contemporâneos, inéditos – e que abarcam a literatura, também – aos clássicos que fazem a ponte pais e filhos. E sim, já temos material nacional na mira. Logo anunciaremos”, conclui.