De Brian K. Vaughan e Tony Harris
272 páginas
Panini Comics | 2020
Tradução: Guilherme da Silva Braga
O segundo volume de Ex Machina, de Brian K. Vaughan e Tony Harris segue mesclando entretenimento a tramas políticas. Mitchell Hundred, o homem que se tornou um ícone em Nova York por ser o herói conhecido como a Grande Máquina (que evitou a queda de uma das torres, no 11 de setembro), segue mergulhado em tensões para lidar com a administração da cidade. Ser prefeito de Nova York realmente não deve ser uma tarefa fácil. Mas, a seu favor, Mitchell conta com suas habilidades especiais de se comunicar com todo tipo de máquina. Tudo bem, isso pode não ser tão favorável assim.
A mudança de herói para político torna o protagonista um homem mais cauteloso com suas opiniões (afinal, qualquer impacto em sua imagem pode causar uma queda significativa de eleitores). Mas essa abordagem é um prato cheio pra Vaughan que traz uma trama muito política, tanto nos diálogos quando nas ações dos personagens.
A história ambientada principalmente em 2002, relembra a “Guerra ao Terror” americana, o medo do terrorismo e as consequências disso para a opinião pública. Todo ato suspeito deveria ser considerado obra da Al-Qaeda? Osama Bin Laden deveria ser executado, caso fosse encontrado? A pena de morte é uma decisão justa? Esses são apenas alguns dos temas que Vaughan insere na trama. Há também vários plots (e revelações) paralelos, como o que envolve a mãe do personagem, flashbacks do passado heroico do protagonista e alguns nos pareceram até desconexos, reduzindo o ritmo de leitura.
Um dos nossos autores favoritos, Vaughan se destaca, para nós, pela fluidez dos diálogos e a forma natural como aborda questões sociais. A edição também conta com a arte de Tony Harris, que é muito bom nos movimentos e expressões.
Mais focado nos diálogos do que na ação, este segundo volume de Ex Machina deixa mais portas abertas para os próximos volumes. Sempre confiamos no trabalho de Vaughan e, mais uma vez, gostamos da caminhada que o autor propõe.