Dois Generais

9 junho 2022

De Scott Chantler
156 páginas
Tortuga | 2022
Tradução: Jotapê Martins

Scott Chantler nos convida a reviver memórias de seu avô, Law Chantler, no período em que foi membro do Exército Canadense, durante a Segunda Guerra Mundial. Assim, a HQ se torna uma oportunidade de conhecer mais sobre bastidores dos combates e de momentos icônicos, como o Dia D, a partir do olhar de quem esteve lá.

O maior triunfo de Dois Generais é explorar o cotidiano dos soldados, afinal, o quadrinho é em grande parte inspirado nos diários do avô do autor. As grandes batalhas já foram retratadas diversas vezes, por isso, uma obra sobre a Segunda Guerra que não foque efetivamente nelas, mas sim naquilo que é menos glamouroso, se torna automaticamente interessante. Nesta história, os momentos clássicos da guerra são normalmente associados às perdas e ao medo que os soldados sentiam. Para isso, Chantler substitui o verde, até então cor predominante nas páginas, por um vermelho vivo. Mesmo as vitórias têm um gosto amargo.

Em paralelo às situações vividas pelos soldados, vemos com mais destaque a relação entre Law e Jack, seu melhor amigo e que combateu ao seu lado. Histórias de amizade podem ser clichês nesse contexto e Dois Generais flerta em vários momentos com isso, mas é salvo pela veracidade da trama. Chantler inclusive detalha suas fontes no posfácio e sua pesquisa em um site que documentou a produção. Isso não quer dizer que o quadrinho não tem problemas ao longo da execução, em certos momentos falta profundidade, em outros a história parece contemplativa demais, por ser praticamente toda narrada. Alguns diálogos imaginários a mais fariam bem à trama.

A arte cartunesca funciona muito bem aqui. Por um lado, é necessário destacar como Scott Chantler é detalhista ao desenhar uniformes, embarcações, tanques… Por outro, precisamos dizer que os personagens têm os rostos todos bem semelhantes, dificultando o reconhecimento até dos protagonistas, Law e Jack.

Primeiro lançamento da editora Tortuga, Dois Generais é uma leitura que vai agradar fãs de obras de guerra, como Band of Brothers. Scott Chantler se sai bem no desafio de fazer uma obra de Segunda Guerra que não soa apenas como “mais do mesmo”.

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