De Junji Ito
404 páginas
Pipoca & Nanquim | 2023
Tradução: Drik Sada
Dismorfos funciona como a segunda parte da seleção de contos favoritos de Junji Ito. Publicado pela Pipoca & Nanquim, o mangá segue a mesma estrutura do anterior, Calafrios, uma coletânea de 10 histórias curtas, independentes, de diferentes períodos da carreira do mangaká.
Um autor com uma produção tão extensa e contos tão diferentes entre si, não era de se espantar que Ito conseguisse selecionar tramas suficientes para montar outro álbum de alto nível. Na verdade, é bem possível que um terceiro, um quarto, um quinto…vejam a luz do dia.
Entre as dez histórias, nove aparecem na coleção “Junji Ito Collection Masterpiece”, da editora japonesa Asahi Shimbun, que no Brasil tem sido lançada pela PN. Ou seja, é uma seleção que celebra esta coleção da Asahi e não toda a carreira do autor, que também tem várias obras publicadas pela editora Shogakukan. O último conto do álbum já é uma história inédita, feita especialmente para Dismorfos.
A cada capítulo, Ito atiça a curiosidade do leitor ao oferecer diferentes tons e as mais variadas formas de explorar o horror, sem parecer redundante. E, talvez, essa seja uma das vantagens desta HQ, em relação a algumas de suas outras obras. Nesta série nunca temos a sensação de autoplágio, de repetição da fórmula. Por isso, essa variedade de abordagens torna a coleção (incluindo também Calafrios) uma excelente porta de entrada ao “multiverso” do horror de Junji Ito.
E, novamente, cada história é acompanhada de comentários sobre o que inspirou o mangaká, esboços e um posfácio do autor.
Independente do recorte utilizado para produzir a série, há muito o que se apreciar em Dismorfos. Naturalmente, alguns contos vão atingir o leitor mais forte do que os outros, mas até os mais imperfeitos ainda causam uma forte impressão. É uma prova consistente, como se fosse necessário, de que Junji Ito enxerga o horror onde nem podíamos imaginar.