Corpo Público

1 dezembro 2021

De Mathilde Ramadier e Camille Ulrich
160 páginas
Leya | 2021
Tradução: Carolina Selvatici

Lançamento da editora Leya, Corpo Público já indica, desde o nome, sua proposta: demonstrar que o corpo das mulheres é de todos, menos delas mesmas. A partir da vida de Morgan, vemos, na prática, de que maneira as imposições sociais afetam a liberdade de uma mulher. A obra de Mathilde Ramadier e Camille Ulrich é precisa nos argumentos, porém, não conseguimos ser cativados pela história de Morgan.

Desde a recomendação da pílula anticoncepcional por um ginecologista, logo no início da adolescência, até a decisão do momento de ser mãe, a protagonista está sempre sendo impelida a dividir as decisões sobre seu corpo com outras pessoas. Neste ponto, é muito fácil enxergar um pouco de Morgan em nós mesmas. É como se Mathilde Ramadier e Camille Ulrich colocassem vários testemunhos ao longo da HQ. Porém, o enredo parece não avançar muito além disso. Existe uma certa superficialidade, que não nos apresenta melhor Morgan, para além de seus conflitos com o machismo estrutural. Queríamos, de fato, ter uma conexão com essa personagem e não somente com suas dores.

O visual é bastante harmonioso com a proposta da HQ. Além disso, o traço cartunesco valoriza as situações mais lúdicas do quadrinho. Outro destaque é o uso de tons de azul, vermelho e rosa, que refletem algumas situações da trama.

Apesar da superficialidade da história, Corpo Público cumpre sua missão. A HQ atinge diferentes pessoas, afinal, fala de tema importante e pode ser uma boa dica de presente. Não vá esperando uma obra densa, com um aprofundamento nos personagens e nos assuntos abordados. Esta é uma leitura casual, mas não menos impactante em suas provocações.

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