De Hugo Canuto
120 páginas
Independente | 2018
Em Contos dos Orixás, Hugo Canuto faz uma bela homenagem à cultura dos povos africanos, fazendo jus a uma herança brasileira, ainda muito relegada nos livros de História. Este é um quadrinho que se destaca pelo cuidado de pesquisa (há, aqui, diversas referências a orixás, termos e elementos da civilização Yorubá) e também por sua importância social, afinal, sabemos que o ensinamento ainda é eurocêntrico.
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A trama traz a origem dos Orixás e é protagonizada por Xangô, Oyá (Iansã), Exú, Ogum e Oxum, que precisam proteger a Cidade Mãe dos ataques do vilão Ajantala. O ritmo do quadrinho flui bem, principalmente em sua segunda metade, que ganha ainda mais toques de ação e aventura. A não familiaridade com alguns termos e nomes pode gerar confusão para leitores leigos, no início da HQ, mas logo já nos sentimos imersos na narrativa e identificamos claramente cada personagem. Detalhe para o glossário e os extras, ao final, que podem ser consultados desde a primeira página.
A HQ possui uma resolução relativamente simples, uma vez que também possui inspiração nas histórias clássicas de super-herói, que também possuíam esta característica. Inspiração essa que também está nos traços, cores e na gênese do projeto, quando Canuto divulgou a arte “The Orixas”, inspirada na capa de “Avengers 4”, feita por Jack Kirby em 1966.
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Apesar da influência de Kirby, Contos dos Orixás é um quadrinho brasileiríssimo, porque resgata uma herança da história, religião e cultura de nosso país para as próximas gerações de leitores.