Boa Sorte

24 setembro 2020

De Helena Cunha
260 páginas
Independente | 2020

Boa Sorte, a primeira HQ de Helena Cunha, é um pontapé promissor para a quadrinista. O quadrinho ousa ao tratar de temas sensíveis como depressão, trauma e descoberta da sexualidade com uma abordagem sincera, mas simultaneamente delicada. Helena nos apresenta a Julieta, uma adolescente que muda com a mãe para o interior após a morte de sua irmã, Laura. As duas passam a viver na casa da religiosa avó da protagonista e, assim, Julieta tenta um recomeço.

O trauma da morte da irmã marca Julieta de um jeito palpável para o leitor. Helena usa os recordatórios para trazer os pensamentos da protagonista e seus diálogos mentais com a irmã (que envolvem lembranças, reclamações e até súplicas). A autora também traz para a história os desafios e pensamentos típicos da adolescência, aqui potencializados pelo trauma. É difícil não se conectar de alguma maneira com Julieta e lembrar como essa fase pode ser completamente caótica.

Helena Cunha faz um primeiro quadrinho longo, mas que não perde fôlego. Há, sim, algumas oscilações de ritmo na trama, como alguns trechos um pouco longos ou que parecem um pouco repetitivos, mas nada que afete o desenvolvimento geral. A HQ ainda possui uma arte cartunesca, que deixa o tom da obra um pouco mais leve (afinal, a temática já é densa).

Publicado de forma independente, Boa Sorte nos apresentou Helena e seu potencial para contar histórias imersivas e sensíveis. Um quadrinho que pode estimular debates e que tem o poder de ser intenso, delicado e muito verdadeiro.

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