De Phellip Willian e Melissa Garabeli
48 páginas
Independente | 2022
Uma HQ que pode ser lida com as crianças e ainda encantar os adultos, Big Hug é a mais recente colaboração entre Phellip Willian e Melissa Garabeli. A dupla responsável por Saudade e Calmaria segue em um caminho diferente dessas duas obras, mas não menos fofo. A delicadeza é a marca registrada dos dois e não poderia ser diferente aqui. A proposta de Big Hug é ser como um Tom e Jerry, com perseguições alucinantes que desconsideram os limites dos quadrinhos, sem qualquer balão de fala.
Sem muita explicação, Hug vê sair do seu nariz um bichinho peludo, que logo começa a fugir dele. É assim que começa uma busca incessante para apanhar a criatura fofíssima, que corre por todos os cantos, rompendo quadros e sarjetas. Além de brincar com a linguagem dos quadrinhos, rompendo a forma para dar dinamismo às cenas e envolver o leitor, Phellip e Melissa levam os protagonistas por uma verdadeira homenagem à arte. Cinema, escultura e pinturas famosas servem de cenário para os dois. E não é raro situações em que eles são os responsáveis por características que marcariam essas obras para sempre. Por que a Vênus de Milo perdeu os braços? Você vai descobrir aqui.
São situações que podem parecer simples ao primeiro olhar, mas são bem pensadas e funcionam para absolutamente todos os públicos. Há algo de Imbatível, de Pascal Jousselin, apesar de estar ainda bem distante de sua complexidade. A fagulha que nos coloca para seguir os movimentos dos personagens (como no quadrinho de Jousselin) está ali, mesmo que algumas cenas possam soar repetitivas, quando o fim do quadrinho se aproxima.
Indo num caminho distinto da habitual aquarela de Melissa, a HQ opta pela predominância do preto e branco, ao lado de um um tom de verde água, sempre presente. O único momento que foge disso é a sequência das obras de arte, em que o contraste entre o estilo cartunesco da obra e a estética de cada uma delas funciona muito bem.
Big Hug é uma leitura muito longe de ser complicada. É uma HQ fofa, cheia de referências e que coloca a diversão em primeiro lugar, afinal, às vezes a gente só quer uma leitura assim.