De Fábio Vermelho
160 páginas
Escória Comix | 2021
Se pequenos canibais com dentes afiados, engatinhando atrás da próxima vítima não são premissa suficiente, Bebês Maníacos da Lagoinha tem muitos outros atributos que garantem a leitura. Fábio Vermelho constrói, nessa história de terror macabra e divertidíssima, publicada pela Escória Comix, um suspense convincente, desde as primeiras páginas.
Na pequena São Batoré da Lagoinha, a morte do Padre Arturo intriga a todos. Ele parece ter sido devorado por um animal, roído até os ossos. Sua sobrinha Guilhermina fica assombrada pelos eventos estranhos que sucederam a morte do tio. É Fanny, sua melhor amiga que está prestes a dar à luz, que a convence a buscar por respostas.
Uma clínica clandestina, um pacto sombrio, segredos…É na sequência desse mistério, que vai entrelaçando novos elementos aos poucos, que vamos sendo completamente engolidos pela trama. Sim, sabemos que os bebês maníacos irão aparecer em algum momento, mas chegar até eles é uma jornada alucinante, que não nos deixa tirar os olhos das páginas de Fábio Vermelho.
Com alguns dos melhores clichês dos filmes de terror trash, Bebês Maníacos da Lagoinha cria tensão a partir dos enquadramentos, das expressões e dos jogos de luz. E, claro, sobram cenas grotescas e violentas, que corrompem completamente o senso de que bebês são criaturinhas angelicais.
Além de um roteiro que abraça o bizarro, o quadrinho se beneficia do estilo underground marcante de Fábio Vermelho. Seus personagens parecem saltar das páginas e a narrativa gráfica é muito bem construída, principalmente nos momentos que precedem o clímax, a partir da alternância de perspectiva dos personagens.
Depois do ótimo Eu Fui Um Garoto Gorila, Fábio repete o feito e entrega uma história que remete aos clássicos filmes B, insere um bocado de brasilidade, e se deleita com a visão sórdida de um bebê que revela seus dentinhos pouco antes de ser amamentado. Bizarro e fascinante.