De Evan Dorkin, Sarah Dyer e Benjamin Dewey
108 páginas
Pipoca & Nanquim | 2025
Tradução: Dandara Palankof
Beasts of Burden: Território Ocupado leva um dos cães sábios, o sheepdog Emrys, ao Japão do pós-guerra, em uma aventura que mistura lendas da cultura popular japonesa e a mitologia da série de Evan Dorkin, que nesta edição assina ao lado de Sarah Dyer. Assim como os volumes anteriores da série, a sensação é de um bom filme da Sessão da Tarde, ainda que sem momentos marcantes.
Emrys conta aos seus companheiros uma aventura vivida anos atrás, em terras japonesas. Um fato assombra uma região no norte do país, uma série de pessoas são encontradas decapitadas e o paradeiro de suas cabeças é um mistério. É claro que o sobrenatural está presente e vemos, aos poucos, o desenrolar dessa situação macabra. Porém, Emrys não está sozinho. Por lá, ele encontra o esperto cãozinho Mullins, que se torna praticamente seu escudeiro, e dois cães shiba com poderes mágicos.
Apesar do carisma de Mullins, a HQ está longe do encanto dos dois volumes iniciais. Não há grandes surpresas e por mais que as lendas japonesas sejam inseridas na trama, tudo é muito breve. É como se fossem apresentadas de relance, apenas para reforçar a ambientação. Outro ponto que adoraríamos que tivesse sido explorado é justamente a ocupação estadunidense no Japão, como o próprio título sugere. Há um momento em específico em que notamos, na história, os efeitos da Segunda Guerra Mundial, mas tudo fica na superfície. Dito isso, ainda é possível embarcar na aventura, é só medir as expectativas.
A transição entre Jill Thompson e Benjamin Dewey havia sido sutil, sem qualquer prejuízo para o visual aquarelado que era um ponto alto da série… até então. Em Território Ocupado a arte passa a ser feita de forma digital. Embora garanta mais agilidade ao desenhista, é inegável que a mudança afeta o charme de Beasts of Burden.
Como sempre falamos sobre a série publicada pela Pipoca & Nanquim, essa é uma oportunidade de ler aquele estilo de história que nos reconecta com a infância e os filmes de cachorros falantes. Há uma dose extra de terror, mas a aventura é o que toma conta. Território Ocupado não retoma aquele brilho inicial que nos faz falta, mas ainda é uma boa leitura.