[Exclusivo]

Aposta em mangás e um primeiro quadrinho europeu: Baú Editora revela plano editorial

10 maio 2024
Por Fora do Plástico

Há alguns anos o mercado editorial de quadrinhos borbulha de novas editoras. Em abril, foi a vez da Baú Editora se apresentar. O anúncio da criação da editora foi feito nas redes sociais, já com a informação de que o primeiro título seria divulgado em breve. Para engajar os leitores, a estreante deixou pistas: um quadrinho europeu que concorreu ao Angoulême, um dos principais prêmios de HQs do mundo.

Fundada por três amigos, editores que prestam serviço para a Panini, a Baú nasce com a proposta de publicar títulos variados, de todas as épocas e cantos do mundo. Por isso, os mangás não só estão no radar, como são tratados como prioridade. “Negociar com os japoneses não é fácil, principalmente sendo uma editora nova. Requer muita paciência e trabalho, mas, como nós três adoramos ler mangás, seria inevitável esse ser um dos principais braços da editora, compondo grande parte do nosso catálogo”, revela Diogo Prado, um dos editores. É possível que o primeiro mangá da Baú seja lançado ainda em 2024, se tudo correr como o planejado.

Post divulgado nas redes sociais da Baú

Planejamento é mesmo essencial para quem se apresentam ao mercado. A experiência editorial prévia dos fundadores é uma garantia da Baú para certificar ao público de que a editora já nasce com bagagem. Diogo explica que trabalhar para a Panini é lidar com uma produção intensa, o que acostumou os criadores da Baú a demandas muito altas e prazos apertados. “Essa capacidade e agilidade de leitura e de gerenciamento editorial sem dúvida ajudam bastante quando se decide criar uma editora própria. Acaba parecendo uma evolução “natural” do nosso trabalho, e não um ‘começar do zero'”, aponta.

Diogo ainda acrescenta outra vantagem. Trabalhar na Produção Editorial da Mythos, editora que além de prestar serviços de estúdio para a Panini também publica seus próprios títulos, foi um modo de ter contato com outras partes do processo que leva um quadrinho para o mundo. “Mesmo sendo setores completamente diferentes da empresa, nós acabamos tendo contato e aprendendo bastante do processo editorial que acabamos não vendo muito ao trabalhar majoritariamente com quadrinhos Marvel/DC. O que fazer, o que não fazer, o que dá mais certo, o que dá menos certo, com quem falar, etc.”

Apesar da experiência adquirida, os desafios são previstos. Um deles é tornar uma editora novata competitiva, em um cenário em que os preços escalam a cada ano e há muitas HQs lançadas todo mês. “Inevitavelmente acabamos publicando tiragens menores no começo, o que impacta significativamente o custo de produção por unidade”, comenta Diogo. Como estratégia, a Baú vai avaliar detalhes da produção como, por exemplo, o que deve sair em capa dura ou em capa cartão, “apertando nossas margens onde der para apertar, especialmente nesse início, e fazendo um trabalho de divulgação e de vendas para que as tiragens possam aumentar“, explica o editor.

Mais uma “editora de Catarse”?

A resposta é não. Ao contrário de várias que surgiram nos últimos anos, a Baú não pretende usar o Catarse como ferramenta de financiamento de seus livros. Diogo Prado não descarta um uso pontual, no futuro, para algum projeto específico. A casa editorial focará em outros canais de venda: a própria loja virtual no site da editora, a Amazon e as lojas especializadas. O objetivo é que o leitor tenha o maior número de opções de compra, para que possa escolher qual é mais vantajoso.

As pré-vendas irão acontecer na loja virtual da editora, mas ainda está em avaliação a possibilidade de pré-venda na Amazon. “Sabemos que uma parcela significativa dos leitores fora do eixo Rio-SP utiliza muito a Amazon para comprar seus quadrinhos, então certamente trabalharemos com eles. Ao mesmo tempo, ainda não temos certeza com relação a fazer pré-vendas por lá. Tratar com a Amazon sendo uma editora nova é complicado, então não posso dar mais detalhes pois muita coisa ainda está em definição”, diz Diogo.

O que esperar para ainda em 2024

O primeiro título da Baú está em etapa de tradução. Tradução que foi antecipada, aliás. Em um post do dia 7 de maio, no X (antigo Twitter), Gabriel Faria, outro dos editores, contou que o tradutor irá adiantar o prazo porque acabou se envolvendo na leitura.

A HQ deve chegar aos leitores no início do segundo semestre, de acordo com a previsão de Diogo. Ele também revelou a negociação com editoras dos EUA, que inclui um quadrinho da Image, além dos mangás, claro. No entanto mesmo que os contratos de licenciamento sejam fechados, os quadrinhos não irão compor todos a grade de publicação deste ano. “Apesar de toda a ansiedade de lançar os títulos que tanto queremos ver aqui no Brasil, queremos levar a coisa com calma e com responsabilidade. Sem meter os pés pelas mãos. Somos uma editora nova, mas nos preparamos bem para esse momento e esperamos fazer um trabalho que deixará os leitores orgulhosos de ter um gibi da Baú na estante”.

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