O jornal Folha de S. Paulo publicou no sábado (24) uma lista dedicada a reunir o melhor da literatura brasileira do século XXI. Ao lado de clássicos modernos como “Um Defeito de Cor”, de Ana Maria Gonçalves, e “Torto Arado”, de Itamar Vieira Junior, está o quadrinho “Angola Janga”, de Marcelo D’Salete. Única HQ da lista, a obra publicada pela Veneta foi vencedora do Jabuti em 2018 e traduzido para línguas como francês, inglês, polonês e espanhol.
A lista foi elaborada por um júri composto por mais de cem votantes, que vão de críticos literários, jornalistas, livreiros, escritores e pesquisadores universitários a integrantes da Academia Brasileira de Letras. Entre eles estão Ailton Krenak, Ana Maria Machado, Djamila Ribeiro e Ignácio de Loyola Brandão. Cada votante podia elencar até 10 obras publicadas originalmente no Brasil desde 2001, de acordo com critérios individuais. A Folha priorizou que fossem priorizadas obras literárias em vez de livros teóricos e didáticos e elaborará um ranking exclusivamente para não-ficção.
“Angola Janga” aparece na 55ª posição, ao lado de outros livros que tiveram 3 votos. O quadrinho é o resultado de 11 anos de pesquisa de D’Salete, que cria uma ficção histórica para narrar a resistência do Quilombo de Palmares. Entre seus personagens estão o lendário Zumbi, Ganga Zumba, Dandara, Acotirene e diversos outros homens e mulheres que compõem o retrato de um momento definidor do Brasil. Em 2019, a HQ foi selecionada pelo PNLD literário para o Ensino Médio.
No ano passado, a história ganhou uma versão em audiolivro lançado pela Audible. A adaptação foi feita como forma de celebrar o Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e Consciência Negra e teve um elenco de vozes composto por 19 atores, entre eles Luis Miranda como narrador principal.
Marcelo D’Salete é internacionalmente conhecido por seu trabalho em quadrinhos centrado em temáticas afro-brasileiras. Com “Cumbe” (Veneta/2016), venceu o Prêmio Eisner, o principal voltado às HQs nos Estados Unidos. Com “Mukanda Tiodora”, venceu novamente o Jabuti, em 2023, na categoria quadrinhos, repetindo o feito de 2018, o que o tornou o único quadrinista brasileiro a receber a premiação mais de uma vez.