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De Fabien Toulmé
272 páginas
Nemo | 2020
Tradução: Fernando Scheibe
“Acho que nós, exilados, somos um pouco como as plantas. Quando arrancadas do solo e postas num vaso, continuam a crescer, mas com menos força e vontade”. Essa é apenas uma das passagens que demonstram a carga emocional por trás de “A Odisseia de Hakim”, de Fabien Toulmé. Uma história emocionante e bonita, guiada com muito cuidado pelo autor.
A trama conta a trajetória de um refugiado sírio que precisou deixar tudo para trás. Neste primeiro volume de uma série de três partes, Toulmé nos relata, por meio da história de Hakim, desde como a Síria possui um Estado controlador, até as dificuldades que um refugiado enfrenta na busca de uma nova vida em outros países. Aqui, Fabien não nos poupa de realidades duras e cruéis. O leitor rapidamente se sente tocado pela jornada do protagonista, vibrando com cada vitória ou se comovendo com os desafios e derrotas.
A Odisseia de Hakim é o tipo de trama que nos coloca na pele de outra pessoa e nos faz conhecer realidades, culturas e histórias que muito provavelmente não iríamos conhecer. Uma história que ecoa muitas outras, afinal, quantos Hakim não existem por aí?
É possível notar que a narrativa de Toulmé evoluiu e a HQ está ainda mais fluída e dinâmica do que seus trabalhos anteriores. Além disso, o roteiro funciona muito bem com as duas linhas temporais. Podemos estar enganados, mas percebemos uma influência de autores como Riad Sattouf e Guy Delisle nesta obra. Sobre o seu traço, ele não mudou muito, continua bonito e cartunesco, cumprindo bem o seu papel.
A Odisseia de Hakim se mostrou quadrinho documentário muito poderoso. Aquele gibi que nos deixa refletindo sobre nossas vidas, de como podemos ser privilegiados. Estamos, sem dúvidas, ansiosos para conferir a continuação desta jornada de Hakim.
