De Jason
48 páginas
Mino | 2020
Tradução: Dandara Palankof
F. Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway, Ezra Pound e James Joyce, grandes nomes da literatura e membros da chamada Geração Perdida (geração de intelectuais, marcada pela Primeira Guerra, pelos “Loucos Anos 20” e a Grande Depressão), foram escolhidos por Jason para protagonizarem A Gangue da Margem Esquerda, lançamento da editora Mino. Se engana quem pensa que este é um registro histórico, ou um quadrinho que busca ser preciso sobre os fatos. A proposta de Jason aqui é outra, e é divertidíssima.
Como é comum nas obras do quadrinista, todos são representados como animais, em traços bem simples e cores chapadas. No entanto, Jason ainda faz mais uma alteração: em vez de escritores, nossos protagonistas são quadrinistas. A Paris que abrigou os artistas da Geração Perdida é o cenário aqui escolhido. Convivendo entre cafés e livrarias, os amigos discutem diferentes temas, mas principalmente, suas experiências na profissão. E são as dificuldades financeiras de quem faz quadrinhos para viver que se tornam o estopim para uma ideia e corajosa e insana de Hemingway.
O quadrinho tem um ótimo ritmo e traz referências a outros personagens históricos daquele momento, como as escritoras Zelda, esposa de Fitzgerald, e Gertrude Stein (aqui, quadrinista). Apesar de inicialmente ter uma narrativa linear, em determinado ponto da trama, Jason prossegue a história por meio dos pontos de vista de cada um dos personagens. O recurso funciona muito bem para a história e envolve o leitor em plot twists.
Sem dúvidas, A Gangue da Margem Esquerda é uma ótima leitura. É claro que é necessário se desprender da precisão histórica e entrar na fantasia divertida de Jason. O resultado é um quadrinho que te leva à Paris dos escritores famosos, com um despreocupado tom nonsense.