De James Tynion IV, Martin Simmonds e vários outros artistas
324 páginas
Devir | 2024
Tradução: Marquito Maia
E se a crença em uma teoria da conspiração fosse tão forte a ponto de materializá-la? A instigante premissa de O Departamento da Verdade torna a série de James Tynion IV e Martin Simmonds imprevisível, mesmo com o avançar da trama. Em seu segundo volume, a HQ pode até parecer tirar o pé do acelerador, porém, na verdade, a história ganha cada vez mais camadas.
Com seis capítulos dedicados a aparições de teorias da conspiração populares, sobretudo nos EUA, o quadrinho consegue diluir o aprofundamento do contexto apresentado no primeiro volume. Cada capítulo é assinado por diferentes artistas e, por mais que essas histórias se afastem dos acontecimentos da linha do tempo principal, elas carregam muitas informações importantes para o desenvolvimento da série. Já o final deste volume dois retoma a frenética trama principal, reunindo as edições 11 a 15, essas desenhadas por Simmonds.
A progressão de descobertas do protagonista, Cole Turner, é composta de muitas reviravoltas. Afinal, a tal “verdade” pode ser múltipla. Tynion acerta ao manter a ambiguidade entre mocinhos e vilões, deixando o leitor tão curioso para saber a sequência dos acontecimentos, quanto o próprio protagonista. Além disso, a adição do elemento histórico e político da dualidade Estados Unidos e URSS não soa clichê, como poderia ser. O resultado é a complexificação da disputa ideológica que o quadrinho apresenta desde o princípio.
A diversidade de traços neste volume nos apresenta a diferentes olhares para o universo de O Departamento da Verdade, com destaque para as edições de Elsa Charretier (com cores de Matt Hollingsworth) e Jorge Fornes (com cores de Jordie Bellaire). Ah, e claro, Martin Simmonds novamente encanta com seu estilo que flerta com o surrealismo e composições de página inventivas.
Que caminho tomará essa história? É difícil prever, mas é preciso confiar na qualidade daquilo que a dupla apresentou até aqui. Publicada pela Devir, a série consegue transportar assuntos contemporâneos para uma obra autêntica, enquanto, como vimos neste volume, também flerta com o passado.