De André Kitagawa
160 páginas
Monstra | 2022
Reeditado pela Editora Monstra, Chapa Quente, de André Kitagawa, reúne 21 histórias produzidas ao longo da carreira do quadrinista. São quadrinhos curtos, com temáticas sobretudo urbanas, protagonizadas por personagens amorais, que se afastam de qualquer estereótipo de mocinhos. Há um bocado de tudo: humor ácido, crítica social, situações surreais, violência… O que não falta são recursos, no texto e no traço, para deixar o leitor frente a frente com cenários decadentes.
Originalmente lançado como uma coletânea de sete histórias, em 2006, o retorno de Risca Faca é acrescido de outras HQs complementares a aquelas que compunham a primeira edição. De 1993 a 2022, passamos por produções que evidenciam as transformações artísticas de Kitagawa, mas também sua criatividade. Há aquelas que fazem os olhos brilharem, como as ótimas Super T, Três Matou Feto e Pizza Man, assim como as que parecem curtas demais, ou que não se destacam em meio às demais. O que se pode garantir é que desde seus primeiros trabalhos, como é possível ver em Gothan (de 1993), o quadrinista já trazia um olhar apurado para o marginal e muita habilidade para construir diálogos.
Na arte, vamos de um preto e branco marcante a páginas coloridas. Porém, o que mais varia nessas 21 histórias é o traço de Kitagawa. Há histórias com uma estética mais realista, outras que pendem para o abstrato, e o que domina são os cenários urbanos encardidos.
Chapa Quente é, de fato, a antologia definitiva da carreira de André Kitagawa, afinal, vemos seus temas de interesse, a maneira como constrói os personagens, testemunhamos a formação de seu olhar artístico. A oscilação de histórias, natural nesse tipo de coletânea, não afeta a percepção do todo. Aqui não estão reunidas apenas suas melhores histórias, mas, sim, boa parte de sua trajetória nos quadrinhos, como um todo.