De Tom King e Mitch Gerards
304 páginas
Panini Comics | 2021
Tradução: Fabiano Denardin e Levi Trindade
Um clássico contemporâneo, O Xerife da Babilônia, de Tom King e Mitch Gerards, é o quadrinho responsável por colocar esta dupla criativa de vez no mapa, entre os artistas mais criativos e relevantes da atual cena de comics norte-americana.
Chocante ao trazer uma realidade pavorosa onde o terrorismo domina, o quadrinho nos mostra um mundo no qual atentados a bomba e tiros cruzam as ruas de Bagdá sem nem parecer afetar o cotidiano de seus habitantes. Um universo triste e sufocante.
A trama se passa em 2004, após a invasão dos EUA ao Iraque. O ex-policial norte-americano Chris Henry é contratado para se tornar consultor dos militares iraquianos. No entanto, um de seus recrutas é encontrado morto e ele parece ser o único que se importa. Agora, Chris inicia uma investigação e, à medida que ela vai se desenrolando, o protagonista chega a caminhos surpreendentes.
No roteiro, a missão que cerca a trama é o que menos chama atenção. Mas, sim, a maneira como o King apresenta o clima dúbio que paira por aquela região, com personagens de moral ambígua. O autor é muito habilidoso ao desenvolver a guerra ao terror que está acontecendo ali. A representação daquela realidade brutal é muito autêntica. Os diálogos, o senso de tensão, o desenvolvimento dos núcleos dos três protagonistas, são pontos que precisam ser elogiados na trama. Além disso, a arte de Mitch Gerards torna a obra mais verossímil, devido ao aspecto sujo do traço e as cores escolhidas.
A obra recentemente ganhou uma nova edição pela Panini Comics, que facilita ainda mais a imersão neste universo, por compilar os dois volumes que já haviam saído de forma seriada no Brasil. Em resumo, Xerife da Babilônia é um thriller militar envolvente que explora temas que vão muito além do terrorismo, como traição, paranoia e conspiração.