De Brian Azzarello e Joe Kubert
144 páginas
Panini Comics | 2024
Tradução: Mario Luiz C. Barroso
“Sgt. Rock: Entre o Inferno e a Desgraça” marcou o retorno de Joe Kubert ao personagem que ajudou a criar, desta vez em parceria com o roteirista Brian Azzarello, em uma obra que busca dar um tom mais adulto ao icônico militar dos quadrinhos. No entanto, a HQ passa longe de cumprir sua proposta de gerar tensão e se torna uma história trivial.
Durante uma missão na Segunda Guerra Mundial, o pelotão liderado pelo Sargento Rock captura um grupo de soldados alemães. Enquanto tentam seguir com esses prisioneiros para um local seguro e assim extrair informações valiosas, eles são emboscados por mais inimigos. Após o confronto, Rock descobre que seus prisioneiros foram assassinados à queima roupa, com exceção de um. Com os membros da unidade desconfiando uns dos outros, o Sargento precisa encontrar este único sobrevivente o mais rápido possível, para descobrir o que realmente aconteceu, antes que as suspeitas destruam o vínculo entre os soldados de seu pelotão.
Embora Azzarello tente criar um clima de mistério, que é sim resolvido ao final do livro, o quadrinho não consegue destrinchar essas intrigas de maneira convincente. Como se não bastasse esse suspense ingênuo, em nenhum momento o leitor chega a duvidar do caráter dos personagens. Tudo parece superficial e desajeitado nessa tentativa de criar um conflito dentro de um cenário mais amplo. Isso nos leva ao maior problema de “Sgt. Rock: Entre o Inferno e a Desgraça”: sua abordagem é covarde ao lidar com a violência praticada pelos norte-americanos.
As ilustrações de Joe Kubert conduzem o leitor por trincheiras, cidades em ruínas e florestas, sempre brincando com composições e enquadramentos. A arte é, de longe, o que há de melhor nesta HQ, e tenta a todo momento convencer o leitor do clima de mistério. No entanto, mesmo com todo o talento de Kubert, ela não consegue sustentar completamente a proposta da história. Ainda assim, suas cores e desenhos expressivos, oferecem bons momentos visuais.
No fim, “Sgt. Rock: Entre o Inferno e a Desgraça” nada mais é do que uma trama que recria clichês de produções de guerra, sem conseguir se aprofundar no drama que tanto propôs explorar.