De Giovanni Gualdoni e Marco Bianchini
116 páginas
Skript | 2022
Tradução: Paulo Guanaes
Sob a chancela da Le Storie, projeto engenhoso da editora Bonelli e que costuma render boas histórias, O Fator Z é uma experiência frustrante. A HQ de Giovanni Gualdoni e Marco Bianchini acaba falhando em praticamente tudo o que se propõe: a trama parece subestimar o tempo todo a inteligência do leitor, as ilustrações são engessadas e as protagonistas caracterizadas de forma problemática.
Antes de tudo, o fato de uma temática estar saturada, não impede que boas histórias sejam contadas. Porém, infelizmente, não é o caso aqui. A trama acontece em Nova York, onde uma epidemia zumbi tem se espalhado rapidamente. Helen, a protagonista, está presa no estúdio de TV em que trabalha, mas precisa atravessar a cidade para reencontrar o seu filho. Reafirmando, o roteiro simples não é o problema aqui. Apesar desta premissa já ter sido vista outras vezes, o problema neste caso é a forma como ela é desenvolvida: o enredo é didático e raso, com coincidências e conveniências bobas.
Na parte gráfica, Marco Bianchini faz um belo trabalho na ambientação, produzindo ótimos cenários. Só que seus personagens parecem estáticos, sem movimento, o que atrapalha a dinâmica da obra. No entanto, o elemento mais questionável no seu trabalho em O Fator Z é o esforço constante na sexualização do corpo da protagonista. A HQ é repleta de quadros em que Helen está em poses sem qualquer sentido.
Publicado pela Skript, responsável por trazer o ótimo Lavennder, também da Le Storie, O Fator Z se apresenta como um quadrinho superficial, que apela para absurdos para tentar conquistar o leitor.