Pedro e o Imperador

15 maio 2023

De Batista e Joana Afonso
80 páginas
Lote42 | 2022

Um projeto binacional entre Brasil e Portugal, organizado pelo Programa Brasil em Quadrinhos, Pedro e o Imperador propõe um reencontro improvável entre pai e filho, para celebrar o centenário da independência do Brasil, que ocorreu no ano passado. Escrito pelo mineiro Batista, desenhado pela portuguesa Joana Afonso e coeditado pelas editoras Lote42, no Brasil, e Polvo, em Portugal, o quadrinho carrega essa identidade dupla, mas também bastante homogênea. Isso porque estamos diante de dois nomes importantes para a história dos dois países, Dom Pedro I e seu filho Dom Pedro II.

Após perder a filha, o imperador Pedro II recebe a visita inesperada de seu pai, que há décadas havia morrido em Portugal, quando Pedro ainda era menino. Assustado, ele não entende bem o que seria a aparição, mas logo passa a ver nisso uma oportunidade de conversar com o pai que nunca pôde estar ao seu lado. É assim que os dois vão discutir temas que envolvem essa relação, mas também a monarquia, o futuro do Brasil, a vida pública, suas responsabilidades e imposições.

O roteiro é dinâmico, porém episódico, com diferentes situações e épocas em que pai e filho se encontram. “Comprar” essa característica mágica, quase fantasiosa, é essencial para que a leitura funcione. Ao mesmo tempo, a história parece se encurtar em vários momentos, com situações ou temas que ficam pelo caminho, sem muita profundidade ou talvez um olhar que poderia ser mais crítico.

A arte de Joana é extremamente expressiva, sobretudo focada no rosto dos personagens, o que humaniza essas duas figuras. A caracterização também é interessante, ao brincar com o fato de que Pedro I, por ter morrido aos 36 anos, parece mais jovem que o filho, conhecido pela longa barba branca.

Essa é uma HQ que aborda uma relação pai e filho que nunca pôde ser, na realidade, daquela maneira. Apesar de não se aprofundar, ou até de se afastar, de temas que gostaríamos de ver sendo discutidos por Pedro I e Pedro II, a obra consegue entregar o que propõe e pode ser, aliás, boa proposta de material para ser utilizado em salas de aula.

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