De Jamila Rowser e Robyn Smith
200 páginas
Geektopia | 2024
Tradução: Carolina Candido, Dandara Morena, Karine Ribeiro e Luciene Ribeiro dos Santos de Freitas
Wash Day: Para o Que Der e Vier pode parecer, ao primeiro olhar, mais juvenil do que de fato o é. O quadrinho de Jamila Rowser e Robyn Smith consegue discutir temas maduros, sem perder o ar de uma conversa informal entre amigas de longa data. As histórias contadas aqui passam pelos altos e baixos da vida das protagonistas: relacionamentos amorosos e familiares, conflitos, saúde mental, amizade e, claro, a forma como o cabelo está relacionado às suas experiências.
O “wash day” pode ser considerado um ritual. É bastante popular entre a comunidade negra dos EUA, um dia dedicado a nutrir, lavar e finalizar os fios. A ideia de ter esse momento de autocuidado remete a várias das experiências compartilhadas entre Kim, Nisha, Davene e Cookie. Jamila Rowser constroi muito bem suas personalidades e apresenta interações críveis entre essas jovens adultas, o que é um dos pontos altos da história. Um belo exemplo disso é o capítulo “Chat em grupo”, em que uma das garotas conta às demais, em uma conversa por mensagem, sobre suas desventuras amorosas.
Ao mesmo tempo em que Wash Day é uma HQ sobre o orgulho das mulheres pretas — e faz isso muito bem —, é um quadrinho curto para abordar tudo aquilo que se propõe com a profundidade necessária. É o caso da saúde mental, que é tratada de relance, talvez pela quantidade de páginas. A sensação que temos é de querer acompanhar mais dessas protagonistas, viver outras aventuras e dilemas ao lado delas, porque apenas esses cinco capítulos não são o suficiente.
A arte de Robyn Smith, que desenhou o também ótimo Núbia: Pra Valer, cumpre perfeitamente a proposta do enredo, com apreço pelos detalhes e pela caracterização das jovens. A colorização varia entre as histórias para refletir seu tom, em paletas que vão do amarelo ao azul, mas ainda com domínio constante do roxo.
Publicado pela Geektopia, Wash Day é, com certeza, daqueles quadrinhos perfeitos para fisgar alguém que não está habituado com a mídia. É uma leitura gostosa, que torna o leitor parte daquele grupo de amigas, embora, ao final, fique o desejo de passar um pouco mais de tempo ao lado delas.