Apoie o Fora do Plástico!
De Cyril Pedrosa
272 páginas
Quadrinhos na Cia. | 2011
Tradução: Carol Bensimon
Cyril Pedrosa constrói uma aventura dramática em Três Sombras. O quadrinista francês nos apresenta a história que pode soar, num primeiro momento, como um retrato de um dilema central da paternidade, mas se revela como uma trama sobre o luto e suas faces.
Um casal vive uma vida pacata com seu filho, Joachin. Porém, a calmaria dá lugar ao medo quando três sombras misteriosas começam a rondar a propriedade. O que elas querem? Quem são? Para salvar Joachin das sombras, seu pai inicia uma fuga real e alegórica. Pedrosa nos apresenta a uma metáfora que é, sim, um tanto previsível, mas se encaixa muito bem em seu roteiro, ambientado em um mundo fantástico.
Três Sombras é intenso nos sentimentos, mas mantém um quê de mistério com as simbologias inseridas na trama. Compreender a visão desse pai, que pode parecer egoísta, mas também muito honesta, é só uma das propostas para quem está lendo. Ao mesmo tempo que toda essa carga dramática é central para a trama, Pedrosa insere outros elementos e personagens na segunda metade, o que pode desviar um pouco o foco do enredo, mas ainda assim faz parte de sua construção de mundo.
A arte é sublime, com um preto e branco marcante e variações no traço, de acordo com o que a trama pede. A construção da narrativa gráfica absorve muitos elementos de animação, carreira que Cyril Pedrosa também trilhou. O resultado é uma obra fluida, com uma estética bastante autoral, repleta das características que são parte da identidade do quadrinista francês.
Publicado no Brasil pela Quadrinhos na Cia., Três Sombras é emocionante, não por ser mais uma “obra de pai e filho”, mas pela maneira como desenvolve uma narrativa universal sobre vida e morte.
