De Enrique Sánchez Abulí e Jordi Bernet
228 páginas
Figura | 2020
Tradução: Ernani Ssó
Um dos mais populares quadrinhos europeus, Torpedo 1936, definitivamente, não é para todos. Publicada originalmente nos anos 80, pós-Espanha franquista, a série de Enrique Sánchez Abulí e Jordi Bernet é pouco palatável. Nela acompanhamos Luca Torelli, um imigrante italiano totalmente amoral e cruel, vivendo na Nova Iorque dos anos 1930. A história é cheia de representações de machismo, estupro, racismo e várias outras coisas abomináveis, todas promovidas pelo protagonista. Em Torpedo não há filtros, porém, não podemos negar que este é um quadrinho único e corajoso.
A trama é dividida em contos curtos, sempre mostrando o gangster Luca sendo guiado pelo crime. Também conhecido como Torpedo, o protagonista está muito longe de ser um anti-herói: ele é um bandido. Um ser deplorável. Mas o que nos atraiu na obra, além da arte absurda de Jordi Bernet, é o exagero no roteiro. É tudo tão absurdo e exagerado, que a obra até se torna tolerável. É como se o imoral fosse a regra absoluta.
Como já antecipamos, a arte de Bernet é impressionante. Inclusive, a HQ ganha rumo diferente depois da curta passagem de Alex Toth série. Bernet nasceu para desenhar Torpedo. É incrível o seu preto/branco. Com certeza este é um grande ponto positivo da obra.
A versão de Torpedo 1936, publicada pela Figura Editora, será dividida em três volumes. É brutal, corajoso, sem escrúpulos. Uma leitura incrível, mas que não recomendamos a todos. Quer ler Torpedo? Prepare-se para encarar o absurdo.