De Garth Ennis e Darick Robertson
152 páginas
Devir | 2010
Tradução: Marquito Maia
The Boys não esconde a violência e a crueldade dos humanos ou heróis sobre os quais a história fala. Muito pelo contrário, Garth Ennis escancara a brutalidade que esse mundo apresenta. Antes de começarmos a ler a série, assistimos à adaptação para TV (que acaba de chegar na segunda temporada) e é inevitável fazer comparações mentais durante a leitura. Também perdemos o “fator surpresa” da premissa, mas garantimos que o choque desse primeiro volume não foi menor.
Publicada no Brasil pela Devir, a HQ acompanha uma equipe contratada pela CIA para vigiar e combater os super-heróis corruptos que habitam o mundo. Nesta primeira edição, o sádico líder dos “The Boys”, Billy Carniceiro, está em busca de um novo integrante para retomar a equipe. É aí que ele encontra Hughie, um rapaz que acaba de ver a namorada morrer na sua frente, após ser atingida por um herói super-veloz. A premissa que desconstrói o heroísmo e escancara como qualquer forma de poder pode corromper o ser-humano é intrigante. Porém, neste primeiro volume tudo parece ainda um pouco perdido.
Garth Ennis deixa bem claro a que veio. O roteiro inescrupuloso é característica do quadrinista e aqui não é diferente. Há muita violência, sexualização, palavrões, termos homofóbicos e escatologia. Muitas vezes isso se torna o ponto principal da narrativa, o que para nós é desnecessário, afinal, o melhor de The Boys é justamente a premissa.
A violência não fica somente no roteiro, ela também é absolutamente gráfica e chocante na arte de Darick Robertson. É difícil não se incomodar com as expressões femininas em situações abusivas ou com outros detalhes sórdidos ao longo deste volume.
É claro que The Boys está apenas no começo, mas já podemos dizer que este não é um quadrinho para todos. Na verdade, achamos que é um quadrinho para poucos. A série suaviza algumas questões problemáticas da HQ, então, aqui o conteúdo é ainda mais sujo e completamente politicamente incorreto.