De Miguelanxo Prado
64 páginas
Conrad | 2021
Tradução: Claudio R. Martini
Com um olhar poético, Miguelanxo Prado apresenta, em Tangências, diferentes contos sobre relacionamentos. Em sua maioria, são histórias sobre despedidas, com um ar de melancolia e um gosto muitas vezes amargo. Prado faz um belo retrato de “histórias de amor” em que o amor já não habita mais ou já não cabe. São tramas que acompanham o leitor por poucas páginas, mas que têm uma presença forte, marcante.
Como a própria sinopse bem diz, o artista retrata relações que acontecem de forma tangencial, imperfeita e limitada. Marcadas por um tom erótico, essas histórias trazem doses de um drama que torna Tangências um quadrinho melancólico. Mas, não se engane, esse não é o drama tradicional das histórias românticas.
Na arte, Miguelanxo Prado usa sua técnica apurada para representar corpos reais, de homens e mulheres. Assim como expressões reais, em que é possível ler os sentimentos daqueles personagens. É também a arte que revela alguns detalhes dessas histórias tão curtas, além de, claro, os diálogos perfeitamente encaixados. Em alguns desses contos, sabemos primeiro pela imagem, e não pelo verbo, se aqueles são amantes recentes; se temos um reencontro de amantes de outrora; suas idades; suas posições sociais.
Com muito pouco, Prado nos diz muito. E ao final de Tangências somos tomados por um desolamento curioso, um sentimento de vazio, de solidão. Os encontros e despedidas desses personagens, ou melhor, o único ponto que liga aquelas duas vidas… Toda a poesia da arte e do texto de Miguelanxo Prado fazem deste um dos grandes lançamentos do ano e um belo acerto da editora Conrad.