De Reinhard Kleist
176 páginas
Hipotética | 2025
Tradução: Augusto Paim
David Bowie é daquelas figuras icônicas que despertam curiosidade. Um camaleão, versátil, ousado e encantador, o músico elaborou diferentes eras. A mais popular delas, Ziggy Stardust, é recontada pelo biógrafo em quadrinhos Reinhard Kleist, em Starman, quadrinho recém-lançado no Brasil pela Hipotética. Ao longo de pouco mais de 160 páginas, vemos David Jones se transformar em David Bowie, e Bowie em Ziggy.
A HQ evidencia como o alienígena andrógino se tornou parte de Bowie, como uma persona. Mesclando cenas musicais, que reproduzem shows e figurinos icônicos, o autor percorre os anos da era Ziggy Stardust em seus altos e baixos. Esta não é uma biografia dedicada a percorrer toda a trajetória de Bowie, mas sim esse período específico da década de 1970, em que clássicos como Starman, Life on Mars, Moonage Daydream e Space Oddity foram lançados.
Kleist insere alguns flashbacks, essencialmente focados em elementos que viriam a produzir Ziggy, e que dão base aos leitores que podem nunca ter se aprofundado na biografia do artista. Ao mesmo tempo, algumas passagens sobre a vida pessoal de Bowie e até sobre decisões de carreira e o contato com outros músicos soam um pouco apressadas.
Na arte, o quadrinho satura as cores, como o próprio Bowie em sua fase mais famosa. Os momentos retratados no presente, entre os anos de 1972 e 1973, são sempre vibrantes e multicoloridos. Já o passado é representado em tons sépias, um recurso pouco inovador, mas funcional. Destaque para a cena em que Bowie estiliza seus cabelos no ruivo vibrante de Ziggy, e um tom de laranja imponente invade as páginas esmaecidas.
Starman é uma boa pedida para os fãs de David Bowie, mas também funciona para quem teve pouco contato com o artista e, em algum momento, se sentiu curioso com aquela figura espacial com um raio no rosto na capa de Aladdin Sane.