De Rafael Torres
80 páginas
Independente | 2019
Rafael Torres nos impressionou bastante com seu primeiro trabalho, Melina, lançado no FIQ 2018. O jovem autor mineiro está apenas no início de sua trajetória, mas já mostra um domínio ainda maior de seu traço em Simultâneo, seu segundo quadrinho. Na HQ conhecemos Max, um jovem adulto que tem tido problemas para dormir. Apesar disso, ele leva uma vida confortável, com bons amigos e um emprego estável. Em busca de uma noite de sono tranquila, o protagonista embarca em uma viagem provocada pela dosagem errada de um medicamento.
O quadrinista busca ser cuidadoso no roteiro, ao trazer ora situações na “vida real”, ora alucinações provocadas pela medicação. No entanto, nos momentos em que Max transcende para esse outro plano, a trama perde em ritmo e se torna bastante introspectiva. Gostaríamos de ver um pouco mais da realidade dele, compreender melhor suas dúvidas e inquietações, que não são bem esclarecidas na trama. Mesmo assim, essa mudança de ritmo não nos fez perder o interesse na trama, afinal, estávamos curiosos para saber o que aconteceria com o protagonista.
As passagens em que Max está em sua viagem alucinante são lindíssimas visualmente. Apesar de o roteiro deixar a interpretação das situações ali apresentadas a cargo do leitor, visualmente ele é guiado pelas florestas, pássaros, quadrados luminosos e todos os demais elementos que compõem aquele universo. Destaque para as cores que são um ponto forte do autor, desde Melina.
Como dissemos, Rafael é um novato, mas que já ousa ao trazer uma história mais aberta e subjetiva. Além disso, sua arte é uma das mais incríveis da nova geração de autores. Por isso, se você ainda não havia ouvido falar de Rafael Torres, fique de olho nesse jovem artista.