De Ingrid Chabbert e Aimée De Jongh
120 páginas
Nemo | 2023
Tradução: Renata Silveira
Um quadrinho sobre escolher o seu próprio caminho, Sessenta Primaveras no Inverno, de Ingrid Chabbert e Aimée De Jongh, equilibra uma premissa romântica, com trechos realistas e sinceros, no qual todos podem, em parte, se reconhecer.
No meio de sua festa de aniversário de 60 anos, Josy anuncia à família que está indo embora. Ela é casada há 35 anos e tem filhos e netos. Mas, refletindo sobre o seu passado, chega à conclusão que se sacrificou por anos e não se sente mais feliz. Sem dar explicações, ela pega uma mala, entra em sua kombi e parte.
O que move a protagonista é a inquietação de existir para si, não para os outros, e a esperança de uma nova vida, mesmo após tantos anos nos papéis de mãe e esposa. No caminho dessa jornada, Josy vai encontrar seu verdadeiro eu, explorar novos laços e redescobrir o amor, de uma forma inesperada.
Apesar da forma abrupta com a qual a protagonista rompe com a família, a trama tem um tom doce, que evoca a liberdade, independente do momento da vida. Ao mesmo tempo que é realista, afinal debate temas muito pertinentes, Sessenta Primaveras no Inverno é romantizado, com um roteiro que encaixa algumas facilidades para chegar na mensagem que a HQ realmente quer passar. O resultado é uma obra bonita com uma boa estrutura narrativa, mas que soa protocolar e até mesmo superficial em alguns pontos.
A arte de Aimée De Jongh é consistente e delicada. A quadrinista trata com muita humanidade cenas comoventes do gibi e torna a diagramação das páginas mais dinâmica ao estender alguns quadros para fora das margens da HQ. Seu talento para desenhar a nudez com muita naturalidade é muito bem aproveitado aqui.
Publicada pela Nemo, Sessenta Primaveras no Inverno é uma obra que se centra na escolha de si mesmo, enquanto prioridade. É uma história moderna e sensível que, como comentamos, pode se relacionar com o leitor em diferentes pontos.