De Hiroshi Hirata
452 páginas
Pipoca & Nanquim | 2020
Tradução: Drik Sada
Hiroshi Hirata consegue de forma muito competente, em Satsuma Gishiden, contar histórias que personificam toda questão da honra e filosofia dos samurais. Com forte representação social, componente essencial na obra, a HQ vai envolvendo o leitor no decorrer da leitura. A forma crua que Hirata conta as histórias faz com que o leitor demore um pouco a engrenar ou, até mesmo, a compreender o estilo de narrativa adotado pelo autor. Mas, sem dúvida, para os que persistem, a recompensa é satisfatória.
O primeiro volume de “Satsuma Gishiden” traz um Japão sem enfeites, com grande destaque para os embates políticos, a desigualdade entre classes e batalhas épicas. Toda esse esmero na retratação demonstra o conhecimento histórico que Hirata tem de sua terra natal.
O mangá apresenta a região de Satsuma, local onde os costumes samurais são seguidos de forma rigorosa. Tendo como seu principal núcleo a vida desses guerreiros e seus dilemas morais. Ao longo da história, alguns contos são apresentados e por mais que a transição entre a trama principal e esses “contos” seja abrupta, há conexão entre as histórias.
Demonstrando, através de uma boa arte, a brutalidade das batalhas, Hirata tem um desenho muito dinâmico. É nítido o movimento que ele emprega em seu traço. Porém, os rostos dos personagens são parecidos e fica difícil diferenciá-los. Outra questão é que não há “apego” a algum personagem. Nenhum deles é capaz de criar esse sentimento no leitor.
Intenso e cru, Satsuma Gishiden explora, de forma notável, elementos da cultura samurai. Um primeiro volume muito bom, que atiça o leitor para as próximas edições.