Pocahontas

12 agosto 2024

De Patrick Prugne
96 páginas
Taverna do Rei | 2024
Tradução: Renata Silveira

Pocahontas se tornou uma princesa da Disney, mas seu mito está distante de um conto de fadas. A indígena Powhatan foi imortalizada na cultura popular de uma forma romantizada, que amorteceu com uma história de amor a colonização inglesa nos EUA. Nesta HQ que leva o nome dela, o quadrinista francês Patrick Prugne busca resgatar a verdadeira lenda de Pocahontas e seus aspectos históricos.

Na trama, vemos o desembarque de navios ingleses onde viria a ser o estado da Virgínia, em terras onde vivia o povo Powhatan. Em busca de ouro, os colonos enxergam os habitantes daquele local como selvagens sem alma, enquanto os indígenas se sentem ameaçados pelos brancos que insistem em não respeitar sua posse daquele território. Em meio a isso tudo está Pocahontas, destinada a ser rainha de seu povo, uma jovem destemida que se afeiçoa pelo olhar aparentemente pacifista do Capitão Smith.

Prugne busca costurar a história à partir do diálogo de dois personagens menos centrais da trama, o irmão de Pocahontas e um companheiro de Smith. Cada um representando um lado da história, eles relembram as situações que levaram ao desfecho trágico da jovem. O recurso é interessante, mas ainda sentimos falta de mais aprofundamento nos personagens, sobretudo na nossa protagonista… que nem sempre é vista como tal. De certo modo, na HQ, Pocahontas se torna um símbolo do massacre indígena, enquanto sempre ouvimos falar sobre como sua vida teria sido.

Prugne é muito habilidoso com os pincéis, trazendo lindos cenários para as páginas. A sensação é de que, como quadrinho, Pocahontas poderia ser mais interessante para o leitor. Assim como havíamos comentado em Poulbots, a arte é linda, mas a narrativa gráfica parece um pouco estática.

Publicado pela Taverna do Rei, Pocahontas ainda mantém o distanciamento de um livro de História ou de uma lenda contada através dos tempos, mesmo usando a linguagem dos quadrinhos. Porém, isso não tira dessa leitura sua principal missão, mostrar como a balança entre a relação entre indígenas e europeus esteve sempre em um desequilíbrio injusto.

Gostou da leitura? Ajude o Fora do Plástico

Você não precisa de muito para contribuir com o Fora do Plástico. A partir de R$5,00 mensais, ou seja, um cafezinho, você já está nos ajudando a manter o Fora Plástico.
Quero Apoiar
Carrinho atualizado