De Charles Soule e Ryan Browne
280 páginas
Panini Comics | 2024
Tradução: Carlos Alberto Bárbaro
E se um gênio surgisse para cada pessoa, pronto para conceder um único desejo? É exatamente essa a premissa de Oito Bilhões de Gênios, a HQ de Charles Soule e Ryan Browne, publicada pela Panini Comics. Apesar do ponto de partida criativo e cheio de possibilidades, é fácil imaginar caminhos mais instigantes do que os que o roteiro nos apresenta.
Oito pessoas estão em um bar quando algo inexplicável acontece: um gênio aparece para cada habitante da Terra. Como era de se esperar, grande parte da humanidade faz desejos egoístas, extravagantes ou completamente absurdos, agindo sem considerar as consequências. A partir dos olhos desses protagonistas, que estão a salvo neste bar por conta de um desejo, acompanhamos o mundo mergulhar no caos.
A HQ começa de forma envolvente, despertando curiosidade sobre as novas dinâmicas de poder e pelos mistérios que cercam os gênios. No entanto, conforme a trama avança, o ritmo acelera de maneira desordenada e os eventos acabam se tornando episódicos, repetitivos e até sem graça. Tudo se resume à luta pela sobrevivência. A sensação é de um roteiro mal aproveitado, que segue por caminhos óbvios. Ainda assim, eventualmente, o desenvolvimento consegue fazer o leitor pensar sobre a natureza humana, mesmo que de forma cafona.
Embora careça de aprofundamento, Oito Bilhões de Gênios ainda consegue desenvolver ideias interessantes. Os arcos de alguns personagens se destacam, assim como o equilíbrio entre reflexões sérias e as passagens de humor.
Em relação à arte, o universo imaginativo criado por Browne não chega a encantar, mas cumpre sua função, com destaque especial para o design dos gênios. Com seus traços grossos, o desenhista explora os desejos mais bizarros para trazer elementos visuais que valorizam os momentos mais engraçados.
Uma fantasia que conquista a atenção logo de início, Oito Bilhões de Gênios vai te divertir por um tempo, mas acaba perdendo o entusiasmo à medida que avança.