De Jérôme Félix e Paul Gastine
80 páginas
QS Comics | 2024
Tradução: Alessandra Bonrruquer
O Último Homem é um faroeste cru e de beleza misteriosa, cujo maior trunfo é a proximidade com a realidade. Escrito por Jérôme Félix e ilustrado por Paul Gastine, o quadrinho apresenta uma história dura e sombria, longe dos clichês do gênero.
Com a expansão das ferrovias pelos Estados Unidos, o trabalho dos caubóis que antes cruzavam o país transportando gado está prestes a desaparecer. Russell, um vaqueiro experiente, decide deixar essa vida para trás e ir morar em uma fazenda ao lado de seu amigo Kirby e do jovem órfão Bennett, a quem ama como um filho.
A caminho da nova casa, o trio faz uma parada em Sundance, uma pequena cidade que vive com a perspectiva de ter uma estação de trem. É ali que a trama toma um rumo inesperado: um acontecimento trágico desencadeia uma espiral de sangue e morte.
O roteiro de Félix é extremamente verossímil. As motivações e contradições dos personagens são desenvolvidas de maneira convincente. O capitalismo em sua forma mais bruta é retratado, assim como o conceito de justiça em nome do “progresso”. O mais impressionante, porém, é como o autor nos conduz por um caminho desconhecido, repleto de surpresas.
O Último Homem se afasta dos padrões de western e apresenta uma trama com personagens imperfeitos em tempos difíceis, explorando, com crueza, as transformações de uma era. É claro que, por se tratar de uma obra mais curta, é natural que algumas mudanças de comportamento possam parecer abruptas para o leitor. E, sim, mais páginas ajudariam, afinal proporcionariam um desenvolvimento mais gradual.
Os desenhos de Paul Gastine são impecáveis. A ambientação do Velho Oeste, os enquadramentos, os jogos de luz e a forma como o desenhista conduz a narrativa visual tornam a história mais imersiva.
Publicado pela QS Comics, O Último Homem é um faroeste fora do convencional. Uma HQ que entrega uma experiência envolvente, repleta de tensão e reviravoltas.