De Gilbert Hernandez
112 páginas
Nemo | 2019
Tradução: Jim Anotsu
Gilbert Hernandez se propôs o desafio de contar, em 100 páginas a história de um homem comum, que nasceu em 1900 e morreu no ano 2000. Em O Dia de Julio, lançamento da Editora Nemo, temos muito mais do que uma história que busca traçar o início e o fim da vida de uma pessoa, temos uma obra poderosa e delicada. Mesmo não escondendo seu norte, o autor nos apresenta toda a vida de uma comunidade que, como qualquer outra, enfrenta diversos problemas.
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Sem oferecer respostas fáceis ao leitor, o gibi dá uma noção do que está acontecendo no mundo (eventos como a crise de 1929, a Segunda Guerra Mundial e a Guerra do Vietnã) com menções sutis, que nos colocam dentro de um contexto histórico. É interessante acompanhar como esses acontecimentos afetam a vida daquelas pessoas. E um dos grandes baratos da HQ é justamente o fato de não subestimar o leitor, não entregar tudo de bandeja.
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Ao longo da leitura vamos passando por um turbilhão de emoções junto ao protagonista e os outros personagens da trama. A forma como o autor costura seu roteiro, perpassando as diversas gerações da família Reyes, nos lembrou o clássico da literatura Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Marquez.
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Muito por conta do desafio no número de páginas, o ritmo é rápido e as transições são bruscas. Hernandez trabalha muito bem o processo de humanizar o personagem, de nos fazer nos preocuparmos com ele. Suas ilustrações são simples e funcionam bem. Temos apenas um adendo quanto as ilustrações: a dificuldade em diferenciar os personagens da mesma família em alguns momentos da trama.
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Sensível e cheio de energia, este é um quadrinho que consegue ser simultaneamente nostálgico e contemporâneo. Baita acerto da editora Nemo, O Dia de Julio nos fez transpirar o amor pela nona arte.