“O Corpo de Cristo”: Quadrinho bordado sobre saúde mental continua a empilhar prêmios

19 setembro 2024
Por Fora do Plástico


O quadrinho “El Cuerpo de Cristo” (O Corpo de Cristo, em tradução livre), de Bea Lema, venceu o Premio Nacional del Cómic, na Espanha. Publicada originalmente pela Astiberri, a HQ inédita no Brasil aborda o adoecimento mental a partir da experiência da própria autora.

No comunicado do Ministério da Cultura, quem atribui o prêmio desde 2007, o júri descreveu a obra vencedora como “inovadora, formalmente arriscada, com texturas e composições que transcendem as técnicas mais utilizadas, sem abrir mão do uso do humor e do olhar poético”. O quadrinho, o primeiro de Bea, foi produzido durante sua residência em Angoulême, na França. “El Cuerpo de Cristo” vem empilhando conquistas desde seu lançamento, entre elas, o Prêmio do Público no Festival de Angoulême, neste ano.


Na trama, quando Vera era criança, um demônio assombrou sua casa e assediou sua mãe, martelando seus nervos até que ela ficou acamada por dias. Entre as sessões de exorcismo e as consultas com o psiquiatra, ano após ano, a superstição desaparece para dar lugar ao diagnóstico. Mas, apesar dos abusos, das doenças e das excentricidades, o amor de uma mãe e de sua filha é mais forte do que qualquer outra coisa, sobrevivendo ao teste do tempo e às tempestades.

O grande destaque da HQ é a forma autêntica com a qual a autora explora a linguagem da nona arte, com recursos estéticos que misturam desenhos e bordados à mão. Atualmente, Bea trabalha na adaptação do livro para um curta-metragem de animação.

“El Cuerpo de Cristo” é descrito pela Astiberri como uma declaração de amor de uma filha à mãe, mas também o retrato trágico e universal de uma mulher presa no seu papel de filha, mãe e esposa em uma Espanha patriarcal, pobre e católica.

Criado em 2007, o Premio Nacional del Cómic busca laurear criadores de quadrinhos espanhóis que tiveram destaque no ano anterior. Na lista de vencedores estão “Rugas”, de Paco Roca; “A Arte de Voar”, de Altarriba e Kim; “Ardalén”, de Miguelanxo Prado; “Blacksad: Amarillo”, de Juan Diaz Canales e Juanjo Guarnido; “Paraíso Perdido”, de Pablo Auladell, e “Estamos Todas Bem”, de Ana Penyas. A premiação tem recompensa de 30 mil euros e a escolha do vencedor é decidida por um júri constituído por profissionais dos livros, dos quadrinhos e da cultura.

 

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