De L. L. McKinney e Robyn Smith
208 páginas
Panini Comics | 2021
Tradução: Carol Pimentel
L. L. McKinney traz, em Núbia, uma história adolescente, com uma abordagem precisa sobre a questão racial, inserida no contexto dos super-heróis. Por que, enquanto a Mulher-Maravilha ou a Supergirl podem lutar contra o crime, Núbia, uma heroína negra, é considerada uma ameaça por usar seus poderes? É sobre questões como essa que a HQ do selo DC Teens trata.
Núbia tenta esconder seus poderes, desde criança. Foi assim que suas mães a ensinaram. É como uma tática de sobrevivência, em um mundo em que pessoas negras são alvejadas. Sem revelar seu lado heróico, ela vive uma vida comum: se diverte ao lado de seus amigos Quisha e Jason, tem um crush em Oscar, discute com suas mães, foge de casa como forma de se rebelar contra suas elas… E acaba mostrando suas capacidades sobrehumanas, na frente de todos.
O roteiro de McKinney é afiado nos diálogos e é, ao mesmo tempo, didático (afinal, este é um quadrinho voltado para um público juvenil) quando toca em temas importantes. Os diálogos de Núbia, e de outros personagens, sobre a maneira como o racismo afeta suas vidas é natural e contemporâneo. Embora a HQ perca a dosagem do ritmo no final, que parece um tanto atropelado, com situações que poderiam ser um pouco mais explorados, o balanço é muito positivo.
Outro destaque da obra é o traço de Robyn Smith. A desenhista jamaicana complementa o roteiro de McKinney com uma arte dinâmica, moderna e que é importante para construir essa aura teen da HQ. Também devemos mencionar as cores belíssimas de Brie Henderson, que usa uma paleta em que o roxo e o rosa predominam.
Temos aqui uma HQ que apresenta para leitores mais jovens um mundo de super-heróis em que a protagonista é a própria Núbia. Em que ela não é “a irmã negra da Mulher-Maravilha”. Nesta obra ela tem personalidade, uma história para chamar de sua, e discute com precisão a resistência de ser uma jovem negra, que, por acaso, é também uma super-heroína.