Na Mente de Sherlock Holmes

De Cyril Lieron e Benoit Dahan
108 páginas
Pipoca & Nanquim | 2023
Tradução: Fernando Paz

Como o nome já revela, Na Mente de Sherlock Holmes faz exatamente o que seu título promete: evidenciar como funciona a cabeça do mais famoso detetive da literatura. Cyril Lieron e Benoit Dahan fazem uma história desafiadora, que incentiva a participação do leitor pela forma ousada de representar a investigação, ao mesmo tempo em que traz uma aventura tão divertida quanto sua proposta.

A trama se desenrola quando a polícia leva um homem vestido apenas com uma camisola, completamente desnorteado e ferido, a Sherlock Holmes e seu amigo e ajudante, Dr. Watson. A chegada deste rapaz confuso que, por sinal, é um velho conhecido de Watson, desperta a atenção da dupla que logo percebe pistas escondidas neste mistério. Lieron e Dahan nos levam para uma deliciosa aventura bem contada, fora do cânone do personagem, mas muito respeitosa ao universo criado por Sir Arthur Conan Doyle.

Os acontecimentos desta história são envolventes, recheado de reviravoltas, seguindo a linha de um enredo de mistério clássico. Mas o grande encanto do quadrinho está no processo de dedução de Holmes, na forma como vemos a sua mente operar, juntando as pistas. Embora o mítico detetive tenha tido várias adaptações, nas mais diferentes mídias, nenhuma das que vimos aproveita tão bem as ferramentas disponíveis da mídia para representar os processos dedutivos. A HQ utiliza as mais diversas possibilidades da linguagem de quadrinhos para proporcionar uma experiência visual e narrativa impecável.

O desenho de Benoit Dahan é primoroso. São tantas composições criativas que você pode ficar perdido. O truque é se orientar pelo fio vermelho que existe justamente para guiar o leitor. É gostoso passear pelos cantos das páginas e desvendar seus segredos.

A Pipoca & Nanquim traz, em um único volume, os dois livros que compõem O Caso do Bilhete Escandaloso. Na Mente de Sherlock Holmes é interativo e enigmático, mas também muito cuidadoso no uso dos recursos, para que nunca seja excessivo e torne a leitura cansativa. Uma obra que prende a atenção não só pela proposta inusitada, mas também pela história bem construída.