De André Diniz
192 páginas
Comix Zone | 2024
Muzinga, de André Diniz, carrega o nome de um personagem fascinante: um viajante quase bicentenário que percorre o mundo em busca de tesouros e experiências, mergulhando em diferentes culturas. Mais do que uma simples aventura, a obra reflete sobre o valor da memória e sobre como as histórias, ao se cruzarem, se misturam e se transformam ao longo do tempo.
Apesar de já ter vivido de tudo, nosso protagonista mantém uma sede insaciável por descobertas, especialmente por novas línguas. Nas duas histórias que compõem a HQ, ele é impulsionado pela curiosidade e pelo desejo de desbravar o desconhecido, algo que o mantém em constante movimento. Embora seu caráter seja duvidoso, Muzinga se destaca por sua paixão em preservar culturas e tradições à beira do esquecimento. Assim, Diniz cria um personagem que se torna um “guardião” de legados.
Sua jornada, então, vai além da simples exploração. É uma missão de resgatar e conservar aquilo que é precioso, reafirmando a importância da memória e da diversidade cultural na construção de nossas histórias coletivas.
Contudo, o resultado não é tão poderoso quanto o seu protagonista. As histórias são boas e intelectualmente ambiciosas, mas não conseguem alcançar o encantamento imediato que outras obras de André Diniz conseguem. Muzinga é uma HQ rica em significado, mas sua força se revela de maneira mais lenta.
O quadrinista demonstra toda a sua habilidade técnica e criativa, criando páginas que fluem com muita naturalidade. Seu traço, marcante e bem característico, ainda amplifica a experiência de leitura.
De modo geral, a HQ da Comix Zone funciona muito bem naquilo que se propõe. Por mais contraditório que possa parecer, Muzinga é menos marcante do que outros trabalhos do autor, mas ainda deixa várias camadas para explorar pós-leitura.