De Daniel Warren Johnson
272 páginas
Devir | 2024
Tradução: Giovana Bomentre
Tudo que conhecemos está ameaçado por uma invasão de monstros malignos, e um jovem guitarrista se encontrará no centro de uma aventura para salvar o mundo. Escrito e desenhado por Daniel Warren Johnson, Murder Falcon é um quadrinho divertido, com tendências ao exagero, que entrega o puro suco do entretenimento, sem deixar de ter um propósito mais profundo.
A vida de Jake está em crise. Sua banda de metal acabou. Ele se afastou dos amigos, da esposa e não tem qualquer perspectiva de futuro. Mas quando conhece o Falcão Matador, uma criatura ligada a sua guitarra, capaz de destruir monstros, Jake é convencido pela entidade a embarcar numa missão que busca fechar o portal que interliga a Terra com outra dimensão.
O desenrolar da história apresenta poucas surpresas e não se preocupa com justificativas. É uma mistura maluca, desinibida, de ritmo alucinante. Essa estrutura frenética poderia afetar a relação entre leitor e personagens, mas acontece justamente o oposto. Ficamos conectados às suas motivações, aos laços de amizade e, por mais extravagante que seja o roteiro, ele ainda soa muito humano.
Murder Falcon abraça a loucura, mas quem conhece o trabalho de Daniel Warren Johnson já sabe: por trás de toda premissa irreverente, o motor da trama é mais profundo do que parece. Jake é um herói frágil e inseguro. Seu arco tem um caminho bem conhecido: a do jovem perdido na vida, que na missão para salvar o mundo, se encontra. Esse desenvolvimento é intenso e reserva momentos tocantes sobre como conviver com nossos traumas.
A estética dos quadrinhos de Warren Johnson é muito única, parte disso devido às cores de Mike Spicer. É o tipo de desenho que no primeiro olhar já é possível reconhecer o artista. Sinestésica ao misturar sons ao visual, a arte é intensa, cheia de energia no traço, mas pode parecer caótica e até um pouco confusa nas batalhas, embora isso não comprometa o entendimento geral da obra.
Publicado pela Devir, Murder Falcon é convidativo aos sentidos, como só um quadrinho tão musical poderia ser. O entretenimento está sempre em primeiro lugar, e ao mesmo tempo que essa HQ nos diverte, ela ainda diz tudo o que tem a dizer.